Análise

Produção de leite cresce no primeiro trimestre; o que vem por aí?

Apesar da expectativa de mercado firme para o próximo pagamento, alguns fatores podem pressionar os preço

Foto de mão realizando ordenha em vaca.
6,2 bilhões de litros de leite foram coletados no primeiro trimestre | Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA

No primeiro trimestre do ano foram coletados 6,2 bilhões de litros de leite no Brasil, aumento de 3,3% em relação a igual período do ano passado. Na comparação anual, o volume cresceu em todos os períodos na comparação mês a mês.

A pesquisa trimestral do leite, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente aos primeiros três meses de 2024, foi publicada em 6 de junho. Para o levantamento foram considerados os volumes de leite adquiridos pelos laticínios com algum tipo de inspeção sanitária (municipal, estadual e/ou federal).

Os seis principais estados com maior captação no período correspondem a 81,9% do total, e são eles, na sequência de importância: Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo.

Desses, Rio Grande do Sul e São Paulo apresentaram reduções em suas captações no período, de 5,5% e 6,3%, respectivamente.

Destacamos que este período (jan-fev-mar) não inclui o recente episódio das enchentes que acometeu o Rio Grande do Sul. O estado vem sofrendo desafios devido a problemas climáticos desde a temporada passada, por falta de chuvas e temperaturas elevadas e atualmente por excesso de pluviosidade. Com isso, a produção no estado pode apresentar uma redução mais acentuada nos dados do segundo trimestre do ano.

Expectativas para o mercado do leite no curto prazo

Do lado da produção, segundo o Índice de Captação da Scot Consultoria, houve queda de 2,1% na captação, na média nacional, em abril, em relação a março. Para maio, o Índice de Captação deverá seguir o mesmo movimento, com expectativa de redução de 1,4%, segundo dados parciais.

O avanço da entressafra, que reduz a qualidade das pastagens, na região Sudeste e Centro-Oeste do país, junto ao atraso da safra no Sul, devido ao excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, colabora para o quadro de menor produção no campo.

Com relação a remuneração ao produtor, para o pagamento a ser realizado em junho, referente à produção entregue em maio, a expectativa é de estabilidade à alta. Segundo levantamento da Scot Consultoria, 55,6% dos laticínios pesquisados apontam para alta nos preços e os demais 44,4% falam em estabilidade.

Apesar da expectativa de mercado firme para o próximo pagamento, alguns fatores podem pressionar os preços: a oferta de leite pode começar a se recuperar de forma lenta nos próximos meses devido as margens mais favoráveis este ano; os laticínios têm tido dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima para os preços dos lácteos; além disso, as importações continuam sendo uma pauta importante dentro da cadeia.

Fonte: Scot Consultoria