As principais regiões produtoras de leite do país também amargam perdas que resultam das intempéries.
Os rebanhos dos três Estados do Sul – que, juntos, respondem por 12 bilhões de litros – estão sofrendo com a seca e as altas temperaturas, enquanto em Minas Gerais, que produz 9,7 bilhões de litros e lidera o ranking nacional, o problema é o excesso de chuvas.
A estiagem severa no Rio Grande do Sul já afeta os produtores de leite pelo quarto ano seguido, diz Marcos Tang, presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do RS (Gadolando). O clima ruim impactou o milho e os pastos, afetando a alimentação dos animais.
No Sul, onde o gado é de origem europeia, a alimentação desbalanceada e o calor reduzem o volume de produção e a qualidade da bebida. “O leite pode ficar mais ácido e não serve para produzir derivados”, explica Darlan Palharini, secretário executivo do Sindilat-RS, que representa a indústria.
Para Valter Brandalise, diretor do laticínio catarinense Tirol, um dos maiores do país, a seca soma-se à alta de custos como um elemento de redução da produção de leite no país. Ele estima que o volume produzido no último trimestre foi de 5% a 7% menor do que em 2020. “Quanto disso vem da seca ou dos custos altos, que historicamente afetam o volume produzido, não é possível mensurar”, diz.
Segundo o dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção caiu 4,9% no terceiro trimestre, para 6,19 bilhões de litros. Brandalise acredita que a seca deverá afetar a qualidade da silagem de milho que será usada para alimentar os rebanhos nos próximos meses.
A Emater-RS projetou até agora redução de 1,6 milhão de litros captados ao dia no Estado – em algumas regiões, a queda se aproxima de quase 10%. O Paraná estimou declínio de quase 200 milhões de litros, com prejuízo aos produtores de R$ 400 milhões, segundo a Secretaria da Agricultura.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.