O ano de 2022 é considerado desafiador para a pecuária gaúcha. De acordo com o presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Luís Felipe Barros, os pecuaristas viram um mercado bagunçado durante este ano com uma acentuação da entrada de gado de outros Estados para abate no território gaúcho.
O Rio Grande do Sul está em oitavo lugar no ranking dos rebanhos estaduais, com pouco mais de 11 milhões de cabeças de gado, de acordo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Barros afirma que os Estados líderes conseguem trabalhar com eficiência porque eles têm comida barata. “Onde tem uma usina de biodiesel, tem um confinamento, ou seja, eles são muito eficientes no que fazem. E nós realmente temos uma comida cara que nos tira eficiência, nos tira a possibilidade de uma criação mais intensiva. A nossa commodity briga com o preço”, salienta.
Outro fator que marcou o ano, de acordo com o presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, foi a seca no Rio Grande do Sul, que também trouxe prejuízos para a pecuária com a queimada de campos e afetou o trabalho dos pecuaristas. Além disso, o ano de 2022, de acordo com Barros, também foi marcado por uma queda histórica no consumo da carne. “Não só pela perda de poder aquisitivo, mas também pelo alto preço da carne, O preço para o pecuarista desabou, mas na gôndola a gente não viu essa redução. Em 2021 tivemos o terneiro a R$ 17,00 numa média de R$ 14,00. Esse ano se conseguiu uma média de R$ 10,00 a R$ 11,00, e no final do ano da safra se tinha terneiro a R$ 8,50”, frisa.
Além disso, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGPM) de 2022, com base em setembro, foi 6.61, enquanto o boi caiu 18.9%. “Ou seja, a inflação subiu e nós não acompanhamos em 2021 e 2022. A previsão de inflação para 2023 é 4.88, não vai recompor os preços que a gente trabalha. Porque isso é importante? Porque os custos subiram na mesma proporção”, observa.
O presidente do Desenvolve Pecuária lembra que em 2023 todos os cenários meteorológicos estão apontando novamente para o La Niña. “Ou seja, de novo esta situação. Eu tenho boi gordo eu tenho que tirar porque não tenho mais água, não tenho mais campo. Isso acaba nos prejudicando”, ressalta. Ele ainda considera que existe um clima político imprevisível e dúvidas sobre a inflação e sobre o poder econômico dos consumidores. “A gente tem um mercado internacional instável, a gente não sabe o que vai acontecer na inflação no mundo, se a China vai nos comprar ou não, se eles vão fechar, se a Covid na China vai nos impedir que se faça as importações e como vai se encaminhar essa guerra na Ucrânia”, explica.
Quanto à sustentabilidade, o instituto considera que a pecuária está diante de uma grande oportunidade. “Saiu uma decisão da União Europeia que só vai comprar carne de propriedade sustentável. A gente está no Rio Grande do Sul, metade é Bioma Pampa que é integração com Reserva Legal, a gente consegue criar gado dentro da Reserva Legal e com isso a gente consegue ter uma propriedade sustentável”, complementa.
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