Com a meta de ampliar em 40% a produção agropecuária gaúcha, o programa Duas Safras foi lançado oficialmente nesta quarta-feira (20). O crescimento representaria um impacto no PIB do estado de em torno de 7%, aproximadamente R$ 31,9 bi. Além disso, seriam criados 24 mil empregos diretos na agropecuária. O projeto é uma uma realização conjunta da Farsul, Senar-RS, Embrapa, ABPA, Fecoagro/RS, Asgav e Federarroz. O lançamento foi realizado no galpão Crioulo do Palácio Piratini.
Atualmente a produção da safra de inverno do estado representa apenas 9% do tamanho da safra de verão, havendo áreas ociosas que poderiam ser aproveitadas para culturas de inverno. Enquanto isso, a pecuária gaúcha vem apresentando desempenho inferior em relação à média brasileira. O Duas Safras busca ampliar a área plantada com as culturas de inverno, ampliar a oferta de ração animal e ainda desenvolver a pecuária gaúcha.
O Programa irá trabalhar com quatro temas: cereais de inverno, integração lavoura-pecuária, milho e qualidade dos grãos. A primeira fase do programa será realizada ao longo de 2022, por meio de dez fóruns. As temáticas irão considerar as características de cada região, visando o planejamento da próxima safra. A expectativa é de que cada edição do fórum receba um público estimado entre 300 e 500 produtores, que funcionarão como multiplicadores do conteúdo apresentado.
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Escassez de milho
A escassez da oferta de milho para a ração animal no Rio Grande do Sul foi apontada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) para o Sistema Farsul. Essa situação leva à importação do produto e, consequentemente, o aumento dos custos e perda de renda do produtor. Pesquisas sobre uso do trigo e outras culturas de inverno para a substituição do milho na alimentação animal, principalmente para suínos e aves, já vinham sendo desenvolvidas pela Embrapa.
“Nos últimos dez anos não crescemos mais por falta do cereal e nos sentimos desafiados. Pela logística, do centro oeste não virá mais. Ou nós resolvemos o problema no Rio Grande ou não teremos mais essas culturas. Podemos aumentar a produção de milho através da irrigação na metade Sul. Nós temos que buscar a solução e hoje o Ministério Público Estadual, formado por pessoas altamente sensíveis, entenderam o problema e estão trabalhando pelas buscas de soluções. A solução é nossa, a solução é gaúcha e se conseguirmos daremos um grande salto”, garantiu o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira.
O Governador Ranolfo Vieira Júnior garantiu apoio do estado ao programa. “Estaremos apoiando integralmente o programa pela representação que ele tem”, sentenciou. O secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Domingos Lopes, anunciou a construção de um acordo entre as secretarias da Agricultura, Meio Ambiente, casa Civil e Ministério Público Estadual sobre a questão da irrigação. “Estamos, com certeza, resolvendo 90% da reservação de água no Rio Grande do Sul. Foi a construção de todas as entidades. Nós estamos no caminho certo da construção coletiva na resolução de problemas”, informou.
Tecnologias
“A agricultura brasileira é movida a ciência. Não apenas temos a solução para duas safras, já demonstradas em parcerias. Mas já está em andamento a solução para uma terceira safra com forrageiras. Estas são as soluções postas, mas não executadas a campo”, informou o chefe-Geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski.
O Programa também irá promover a intensificação sustentável dos rebanhos de cria de carne bovina, “aumentando a lotação e a produção de terneiro pelo maior suporte/ha no verão por meio de tecnologias de cultivares de forrageiras e manejo de pastos. […] Com a adoção de tecnologias já existentes e validadas, poderá haver o incremento de até um milhão de animais para reposição e engorde nas pastagens de inverno, e um incremento no PIB de 5 bilhões de reais/ano”, relatou o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso.
A transferência de tecnologias, com o sulco-camalhão, também é um dos objetivos do programa. “Com este Programa, espera-se difundir a tecnologia sulco-camalhão para centenas de milhares de hectares de terras baixas, aumentando significativamente a produção de soja e, principalmente, de milho do Rio Grande do Sul”, disse o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Roberto Pedroso de Oliveira.
