Pecuária

Tecnologia altera rotina e incentiva sucessão rural na atividade leiteira

A rotina presa aos horários da ordenha ficou para trás para a família Scariot, produtora de leite na localidade de Linha Fernandes, em Santa Cecília – RS. O investimento dos pecuaristas na ordenha robotizada permitiu maior liberdade à família, além de economia e crescimento na produção.

“Estava preso, agora tem um pouco mais de liberdade”, relata Marlene Scariot. Com mais tempo para o lazer e para sair de casa com tranquilidade, a qualidade de vida da família aumentou. Mas além disso, a tecnologia é uma grande aliada para o aumento da produtividade e na redução de custos.

O sistema da ordenha robotizada produz relatórios sobre o desempenho das vacas, proporcionando um controle mais preciso da produção de leite, do alimento consumido e do seu status de reprodução. A partir dos dados, gráficos também são gerados.

“Nós estamos notando economia na ração, porque ele doseia melhor a vaca que está produzindo e comendo mais ração e a vaca que não tem necessidade de comer muita ração, que está produzindo menos. Antes eram tratadas na linha de cocho com uma dieta para todas elas”, explica Dionei Scariot. O sistema gerou uma economia de 1kg de ração por animal, além das despesas com medicamentos que caíram 50%, especialmente pela queda de casos de mastite.

Além disso, a produção cresceu de 25% a 30% em apenas seis meses, enquanto os custos com mão de obra caíram em 70%. “Eu acho que está sobrando bem mais para o produtor do que tirar o leite manual. O robô é uma alternativa para o pequeno produtor”, conclui Ramiro Scariot.

Sucessão

A adoção de tecnologias em propriedades rurais também é um incentivo para que os filhos, como Dionei, permaneçam na administração do negócio e na atividade. “Aquelas famílias em que os pais adotam tecnologias, elas também acabam estimulando os filhos a permanecerem na propriedade, porque os filhos visualizam no futuro uma perspectiva melhor, já que os pais vem investindo na propriedade, vem preparando e deixando uma propriedade em melhores condições para que os filhos possam atuar”, explica a professora e pesquisadora no IFRS – Campus Sertão, Raquel Breitenbach.

Na atividade leiteira, a melhoria na qualidade de vida também é um fator que pode impedir o afastamento dos jovens. “A tecnologia vem para facilitar esse processo, seja a ordenha mecânica ou robotizada, a mecanização da alimentação dos animais ou as demais tecnologias que somam nesse processo, facilitam a atividade e diminuem essa penosidade, dando um pouco mais de autonomia para o jovem e facilidade para o trabalho”, o que torna a modernização central no processo de sucessão rural, conforme a professora.

Texto: Bruna Scheifler e Isabel Gewehr/Destaque Rural