Desafios da Soja

Plantio da soja é concluído no RS e potencial produtivo continua afetado pela estiagem

A quebra de produtividade alcança 90%, em algumas lavouras, com grande número de solicitação de perícias de Proagro.

As chuvas da última semana foram em menor abrangência e volume, mas onde incidiram proporcionaram condições para o surgimento de novos trifólios, o aumento de porte, o fechamento de entrelinhas e intensificação da coloração verde escura das lavouras de soja, que teve seu plantio concluído e está com 4% da área cultivada já em maturação, outros 44% em enchimento de grãos, 37% em floração e 15% ainda em germinação e desenvolvimento vegetativo.

De acordo com o Informativo Conjuntural, produzido e divulgado nesta quinta-feira (17) pela Gerência de Planejamento da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), o quadro geral continua com potencial produtivo afetado, estande de plantas abaixo do ideal, baixa área foliar e antecipação da finalização do ciclo das plantas, principalmente em cultivares de ciclo curto ou estabelecidas no início do período recomendado para plantio. A colheita de cultivares mais precoces apresentam resultados muito aquém dos esperados, mas ainda representam áreas muito pequenas, sem relevância estatística.

Priorizando as melhores lavouras, produtores realizaram manejo de plantas invasoras e controle de pragas e doenças. O manejo fitossanitário recomendado foi baseado em monitoramento periódico das lavouras, para fazer uso de produtos de controle, apenas quando necessário, para não elevar os custos de produção. Contudo, seguiu alta a incidência de tripes e ácaros.

De maneira geral, com o reduzido período de molhamento foliar, foi possível aumentar o intervalo entre aplicações de fungicidas, mas, exceto em lavouras com alta incidência de manchas e oídio e das com alto risco de ocorrência de ferrugem asiática, apontada pelos boletins do Programa Monitora Ferrugem RS.

Regionais

Na Fronteira Oeste permaneceu o cenário de perda elevada no potencial produtivo, condicionado pela insuficiência de chuvas. As primeiras lavouras colhidas em Maçambará obtiveram produtividade de apenas sete sacos por hectare e alta proporção de grãos chochos e imaturos. Enquanto, em Quaraí, as estimativas de perdas são de 40% e em Alegrete, alcançam 60%.

Na regional de Ijuí, persiste o cenário de baixo desenvolvimento da cultura, acentuando-se as perdas de produtividade. Nas lavouras em maturação são avaliadas a viabilidade técnica e econômica para realizar, ou não, a colheita. Algumas são abandonadas para não aumentar o prejuízo. Mas, em Santo Augusto, as primeiras lavouras colhidas apresentaram produtividade entre 10 e 15 sacos por hectare e em Jóia, apenas dois sacos.

Na de Santa Maria, 3% das lavouras foram colhidas e 7% está em final de maturação. Portanto, a perda estimada é superior 45 % em relação à estimativa inicial de rendimento.

Santa Rosa

Poucas lavouras foram colhidas, com a maturação forçada pelas altas temperaturas e tempo seco; 5% da cultura está em maturação. A produtividade é muito baixa e os grãos são de péssima qualidade, apresentando-se pequenos, chochos, malformados e esverdeados. Todavia, os descontos de umidade e impureza nas unidades de beneficiamento são elevados e não compensam a comercialização, com produtores destinando a produção à alimentação animal. A quebra de produtividade alcança 90%, em algumas lavouras, com grande número de solicitação de perícias de Proagro.

As lavouras de ciclo mais longo ou implantadas em janeiro apresentam falhas de germinação e no estabelecimento inicial. Nas Missões, lavouras irrigadas de soja em sucessão ao milho, podem não ter água suficiente até o final do ciclo pelo baixo volume acumulado nos reservatórios. No aspecto fitossanitário, persiste a estratégia de realizar tratamentos apenas em lavouras com potencial de produção mínimo de 12 sacas por hectare. Foi constatado a ocorrência de podridão negra da raiz, causada por Macrophomina phaseolina, fungo de solo que ataca em condições de solo seco e altas temperaturas.

Comercialização (saca de 60 quilos)

O levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, identificou cotação média da saca com variação de +1,99% em relação à da semana anterior, passando de R$ 190,81 para R$ 194,60. O produto disponível em Cruz Alta apresentou elevação de +0,20%, cotado a R$ 202,00.