Dados que mostraram demanda firme por biocombustíveis nos Estados Unidos puxaram para cima os preços de soja e milho na bolsa de Chicago nesta quarta-feira. O trigo também subiu na sessão, apoiado no aumento da procura pelo cereal americano.
Os contratos do milho que vencem em dezembro, os mais líquidos no momento, avançaram 1,70% (9 centavos de dólar), a US$ 5,3925 o bushel. O papel de segunda posição, para março, por sua vez, fechou em alta de 1,62% (8,75 centavos de dólar), a US$ 5,4775 o bushel.
Segundo a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês), a produção diária de etanol na semana encerrada em 15 de outubro foi de 1,1 milhão de barris, um avanço de 6,8%. Nos EUA, o etanol é feito principalmente de milho. O volume de produção do biocombustível ficou acima do esperado por analistas ouvidos pelo jornal “The Wall Street Journal”, que previam até 1,06 milhão de barris diários. O número é também o maior desde junho de 2019.
A notícia de que os produtores americanos estão segurando as vendas de milho para tentar negociar o grão por preços mais atrativos ofereceu suporte adicional às cotações. “Os agricultores não mostram nenhuma urgência em ampliar as vendas neste momento, especialmente com os futuros recuando nas últimas sessões. Isso deve manter os valores de base firmes, mesmo com relatos de alto rendimento nas lavouras”, disse o analista Karl Setzer, da AgriVisor, em relatório.
No Brasil, o plantio de milho de verão alcançou, até 15 de outubro, 56,6% da área estimada para esta safra 2021/22 no Centro Sul do país, segundo levantamento da consultoria Datagro. Na semana anterior, o percentual estava em 41,1%, e no mesmo período do ciclo 2020/21, havia chegado a 42,8%. “Em alguns pontos da região Sul, observamos excesso de umidade, implicando a necessidade de algum replantio, mas nada preocupante até o momento”, afirma Flávio Roberto de França Junior, coordenador de grãos da Datagro, em nota.
A soja fechou em alta pela quinta sessão seguida na bolsa de Chicago. O papel para novembro, o mais líquido, avançou 1,43% (17,50 centavos de dólar), a US$ 12,4550 o bushel, e a posição seguinte, para janeiro, subiu 1,46% (18 centavos de dólar), a US$ 12,550 por bushel.
Mais uma vez, o grão acompanhou o desempenho do óleo de soja, que hoje fechou em forte alta, de quase 4%. A demanda das indústrias por biocombustíveis, a restrição de oferta do óleo de palma e a alta do petróleo ofereceram sustentação às cotações.
Segundo a S&P Global Platts, serão necessárias 40 bilhões de libras de óleo de soja para atender à demanda dos EUA por combustíveis renováveis nos próximos anos. Atualmente, o país produz algo em torno de 25 milhões de libras, segundo últimos dados do Departamento de Agricultura americano (USDA). “Continuo cético sobre a capacidade de manutenção dessas altas. Até que realmente comecemos a descobrir a demanda além do que seria rotina, é difícil imaginar que também temos muito potencial de crescimento”, disse o analista Dan Hueber, em relatório.
Assim como no caso do milho, há relatos de que os produtores de soja estariam retendo o grão para tentar negociar preços melhores. Isso ofereceu suporte adicional às cotações em Chicago. “Uma vez que a safra está trancada nas fazendas, será difícil para os usuários finais consegui-la até pelo menos o início de 2022”, afirmou Tomm Pfitzenmaier, da Summit Commodity Brokerage, à Dow Jones Newswires. Em fevereiro, a colheita brasileira deve começar, e os americanos serão obrigados a se desfazer de seus estoques.
Ainda no Brasil, o plantio de soja alcançou, até o dia 15 de outubro, 24,4% da área estimada para esta safra 2021/22, disse a Datagro. Na semana anterior, o percentual estava em 14,1%, e no mesmo período do ciclo 2020/21, havia chegado a 9,2%. “O quadro de chuvas intercaladas com períodos de sol em toda a região produtora favoreceu os trabalhos de cultivo e também permitiu o bom desenvolvimento das lavouras já implantadas”, afirmou França Junior.
O trigo para dezembro, o contrato mais ativo na bolsa de Chicago no momento, subiu 1,80% (13,25 centavo de dólar), a US$ 7,4925 o bushel. Já a segunda posição, para março, avançou 1,70% (12,75 centavo de dólar), para US$ 7,6125 o bushel.
O cereal acompanhou o bom desempenho da soja e do milho na sessão. No caso do trigo, Setzer aponta ainda uma boa demanda pelo cereal americano, que é a referência para as negociações em Chicago.
Nos fundamentos, ainda há indicação de oferta restrita em 2021/22, mas boas perspectivas para 2022/23. A consultoria russa SovEcon estima uma colheita de 80,7 milhões de toneladas no país, volume 5,2 milhões de toneladas maior que o estimado para a temporada atual.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.