Desafios da Soja

Mofo-branco: doença recorrente na soja exige manejo a longo prazo

Pesquisador especialista no controle da doença explica a importância do manejo

O mofo-branco é um problema recorrente na soja. Na safra 2017/2018, ele causou danos significativos na produtividade. O produtor Guilherme Nhelz, produtor de soja em Muitos Capões-RS, viu sua produtividade cair pela metade naquela safra. “A gente foi descobrir o mofo-branco na hora da colheita. Tinha um monte de pelotinha preta no meio dos grãos na carreta, mas a gente não sabia o que era. E a área não estava produzindo o que devia produzir”, lembra.

As “pelotinhas pretas” são os escleródios, que indicam a presença do fungo Sclerotinia scleroriorum, causador do mofo-branco, na lavoura. Para que a doença ocorra, é preciso mais dois fatores: a própria planta de soja em florescimento ou qualquer outra planta de folha larga; e o ambiente, caracterizado pela interação entre horas de molhamento contínuas, acima de 40 horas, com temperatura amena.

“Então ele ataca essa soja, forma o mofo-branco e quando o produtor vem colhendo, sobra no solo os escleródios. Esses escleródios retornam para o solo e ficam lá, sobrevivendo, esperando o novo hospedeiro para fechar novamente o seu ciclo”, explica Ricardo Brustolin, engenheiro agrônomo e pesquisador especialista em mofo-branco.

O impacto na produtividade é significativo, caso 2% das plantas estejam infectadas com mofo branco, a perda pode ser de mais de uma saca de soja por hectare, segundo o especialista.

Manejo e controle

A partir da descoberta da doença na lavoura, o produtor Guilherme Nhelz realizou uma série de adequações para controlar o mofo-branco. Esse manejo começa com a escolha das sementes, já que a disseminação da doença ocorre principalmente por sementes infectadas. Além disso, o mofo-branco possui mais de 400 hospedeiros, então é importante observar o sistema produtivo como um todo.

“Essas medidas de controle envolvem sucessão e rotação de culturas, uso de sementes de alta qualidade sanitária e fisiológica e evitar o cultivo de outros hospedeiros suscetíveis que aumentem o saldo de escleródios”, explica Brustolin.

Em relação ao controle químico, é recomendado realizar a rotação ou a associação de fungicidas com diferentes modos de ação para atrasar a resistência do fungo e obter níveis mais eficientes de controle. “Quando a soja estiver no seu período de predisposição à infecção, que é o florescimento, você pode aplicar uma molécula química com uma boa tecnologia da aplicação para atingir o alvo, que seriam as flores, principalmente o terço médio inferior, que é onde ocorre com maior incidência. O fungicida precisa chegar na planta, no alvo, na quantidade certa e no momento certo”, ressalta o especialista.

Safra 2023/2024

Nesta safra, o clima não favoreceu a infecção por mofo branco no Rio Grande do Sul, mas, ainda assim, a doença foi registrada em locais onde o manejo não foi realizado de forma adequada.

Na propriedade do produtor Guilherme Nhelz, com o manejo correto ao longo dos anos, a doença não ocorreu nesta safra. “É uma doença que tem que ser levada a sério, porque ela é recorrente. O mofo fica na terra e pode ser combatido com as ferramentas que o agricultor tem”, ressalta.

Sobre o Desafios da Soja

O Projeto Desafios da Soja é uma iniciativa do Portal Destaque Rural com o objetivo principal de realizar uma cobertura jornalística abrangente da safra de soja nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Mais do que simplesmente relatar os acontecimentos, o projeto busca estabelecer uma conexão entre a pesquisa acadêmica e a realidade enfrentada pelos produtores de soja.

Patrocínio

Na safra 2023/2024 o Projeto conta com o patrocínio da Corteva Agriscience, através de suas marcas Enlist® e Manejo Campeão Onmira™.