O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) apresentou a nova cultivar de feijão, a a IPR Cardeal. O alvo da nova cultivar é o segmento de exportação, particularmente a indústria de enlatados e conservas.
Com destaque para os grãos avermelhados de tamanho superior e cozimento rápido, o produto deve ganhar mercado internacional também pela coloração intensa, que se mantém após ficar de molho ou cozimento. Em alguns países o feijão pré-cozido é vendido em embalagens de vidro e a coloração é um atrativo.
“A gente trata com muito carinho o produto que é um dos integrantes do prato básico da mesa do brasileiro, muito calcado nos feijões cariocas e nos pretos. Mas percebemos que há uma grande oportunidade de entrar com feijões maiores, junto com outros pulses, como grão de bico e lentilha. É um espaço para ampliação, inclusive, do comércio internacional, então houve um esforço de pesquisa nessa direção”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
A cultivar do grupo comercial vermelho tipo DKR (Dark Red Kidney) IPR Cardeal tem alto desempenho agronômico. Ela é semiprecoce (ciclo de 78 dias), tem potencial produtivo que pode passar de 3,5 toneladas por hectare e apresenta bom comportamento frente às principais doenças que afetam a cultura.
A IPR Cardeal é indicada para ser cultivada nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, podendo ser plantada tanto na safra das águas como da seca. A partir de agora as sementes devem ser multiplicadas pelos parceiros. A expectativa é que estejam com os agricultores já na próxima safra.
O Paraná é um dos maiores produtores nacionais de feijão. No ano passado, somadas as três safras, foram produzidas 681 mil toneladas. Este ano a primeira safra, cuja colheita já teve início, tem previsão de 175,5 mil toneladas, redução de 12% em relação às 199 mil toneladas do ciclo anterior devido à pouca luminosidade, erosões, alagamentos e lixiviação do solo.
No Estado, a produção é principalmente de agricultores familiares e, por isso, o Governo tem investido no melhoramento genético para aumentar a rentabilidade e a produtividade das lavouras.
Desde que foi iniciado o programa de melhoramento genético, ainda no antigo Iapar, hoje IDR-Paraná, o Estado já colocou à disposição dos agricultores de todo o Brasil e de alguns países da América do Sul e Europa, 228 cultivares. Dessas, 41 são de feijão.
Esta é a segunda entregue este ano. Em março foi apresentada a IPR Águia, do grupo comercial carioca, que se destaca pela alta tolerância ao escurecimento dos grãos, característica desejada por todos os elos da cadeia produtiva e especialmente importante para os agricultores, já que permite estocar a produção e decidir sobre o melhor momento de fazer a venda.
Pelo método de melhoramento convencional usado pelo IDR-Paraná, os genes são cruzados e recombinados para obter um único genótipo com as características esperadas para aquela cultivar.
O produto resultante desses cruzamentos, que passa por oito gerações da planta sendo colhida e replantada, é avaliado até atingir a estabilidade genética do material. Após esse processo, o material selecionado é testado em diferentes ambientes do Estado, sendo plantado nas estações experimentais do IDR-Paraná e em áreas de produtores parceiros para avaliar sua adaptação a diferentes climas e solos.
O programa também conta com um protocolo para manejo integrado de pragas (MIP-Feijão), tecnologia para fixação biológica de nitrogênio e métodos para manejo das principais doenças.