A terceirização ou aluguel de máquinas e implementos agrícolas vem se tornando uma prática comum nas médias e grandes propriedades rurais, que buscam diminuir os custos de investimento em maquinário, sem perder e eficiência da utilização de novas tecnologias para mecanização da produção.
As empresas de terceirização ou locação conectam grandes produtores, com colheitadeiras, tratores, pulverizadores e plantadeiras e implementos agrícolas parados a maior parte do ano, e quem precisa desses equipamentos, mas não tem condições financeiras de comprá-los. Pequenos e médios proprietários cada vez mais, recorrem a este tipo de serviço, assim como grandes produtores.
O agricultor que busca alugar máquinas agrícolas geralmente tem maior preocupação com a questão financeira da fazenda. Ele avalia as necessidades da produção, calcula as despesas e conclui que não é vantajoso investir na renovação da frota devido aos juros altos dos financiamentos, da depreciação da máquina e dos custos de manutenção e mão de obra. “A locação é uma opção para o produtor, mas eu avalio que é mais interessante no caso de colheitadeiras, que o produtor utilizará por pouco tempo. Para tratores e pulverizadores, porém, o custo é muito alto”, observa o especialista em mecanização agrícola Joel Sebastião Alves, de Cachoeira do Sul-RS.
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O mercado de aluguel de equipamentos agrícolas mundial está avaliado em US$ 46,72 bilhões e deverá registrar uma taxa de crescimento médio anual de investimento (CAGR) acima de 7%, durante o período de 2024-2029, segundo relatório da consultoria Mordor Intelligence. O estudo aponta que a locação de máquinas agrícolas (com ou sem operador) e o arrendamento mercantil ou leasing financeiro (com opção de compra destes equipamentos) serão uma tendência nos próximos cinco anos.
No Brasil, essa vertente começa a prosperar. Os setores do agronegócio onde a estratégia está mais disseminada são o de florestas e de cana-de-açúcar. Nos últimos anos, no entanto, o milho e soja têm ganhado espaço e são a aposta das locadoras de equipamentos. Porém, o setor citrícola e o café já começaram os primeiros testes.
Crescimento
O gerente de contas corporativas da montadora sul-coreana LS Máquinas, Sérgio Rezende, avalia que o aluguel de máquinas agrícolas deve se popularizar nos próximos anos. Dentre as vantagens destacadas pelo executivo está a viabilidade financeira. Segundo ele, 33% do custo pago na locação pode ser recuperado pelo produtor rural quando sua empresa está enquadrada em lucro real, ao passo que a compra do novo equipamento gera pagamento de imposto, porque o novo equipamento é declarado como bem.
“Na locação por contrato, todo o custo de manutenção do maquinário é absorvido na parcela mensal de locação”, assegura. “Nessa nova modalidade de contrato o bem locado fica disponível pelo período, com todas as revisões. Trata-se de um contrato com prazo, tipo de operação, o volume total de horas e tudo é calculado com base no valor da máquina”, explica Rezende.
A locação custa, em média, R$ 750,00 a diária, considerando o período das 8h às 17h, ou cerca de R$ 3 mil por semana. Especialistas apontam que a prática permite que, ao utilizar uma frota moderna, o produtor rural economize até 40% com a redução dos gastos com insumos e combustíveis. E ainda tenha um aumento de 13% na produtividade em comparação com a frota própria.
Sustentabilidade
O aluguel de máquinas agrícolas pode ser visto como uma estratégia promissora para promover um futuro mais sustentável e eficiente na agricultura, conforme o diretor comercial da RZK Rental, Eduardo Martinatti. “Alugar máquinas é só o começo do cultivo moderno”, sublinha o executivo.
Em um ambiente onde a eficiência e a sustentabilidade são cada vez mais valorizadas, a opção de alugar, em vez de adquirir equipamentos, entrega uma série de benefícios que vão além da simples redução de custos. A frota disponibilizada pela empresa, criada após a pandemia de Covid-19, oferece opção de geração de dados com foco em auxiliar os produtores.
Com o serviço de locação de máquinas é possível incluir serviços como mapas operacionais, suporte a gestão de dados e suporte agronômico. Outra opção em crescente demanda é a ferramenta de monitoramento, focando na preparação e colheita com precisão e em tempo real. Este serviço proporciona uma visão abrangente das atividades agrícolas, e permite aos produtores monitorarem e gerenciarem suas operações de forma mais eficaz.
Presente em 15 estados do País, a RZK Rental, de Primavera do Leste (MT), tem como clientes médios e grandes produtores e atende os segmentos de grãos e fibra, cana, citros, florestal e construção civil. A empresa garante que, nos primeiros 12 meses de atuação, as máquinas alugadas pela empresa trabalharam em 230 mil hectares e colheram 160 mil hectares.
Além disso, a RZK Rental possui contratos fixos atualmente com mais de 30 clientes, incluindo os principais grupos agrícolas do setor – como SLC Agrícola, Amaggi e Bom Futuro – além dos contratos curtos ou de oportunidade (spot). A receita em 2023 foi de R$138 milhões e a expectativa é alcançar R$ 300 milhões neste ano.
Personalização
A Agrobill, de Saltinho (SP), atende produtores rurais de todo o Brasil interessados em locação de maquinário. A empresa conta com uma frota de veículos e utilitários – caminhões, tratores, colheitadeiras e pás-carregadeiras – que permite que o serviço de locação seja dimensionado, adequando-se a demanda de cada cliente.
O foco é entender cada cliente de forma única e encontrar a melhor solução, de acordo com a necessidade do produtor. “Buscamos entender a forma de contratação, tempo de uso e qual o serviço será executado com o maquinário para oferecer o melhor modelo de trator, caminhão ou implemento agrícola”, afirma Ricardo Bill, da equipe de vendas da empresa.
Pequenos tratores, de até 80 cv, podem ser alugados na Agrobill por um custo médio mensal de R$ 10 mil. Já a locação dos tratores médios custa em torno de R$ 12 mil. O serviço é oferecido a pessoas físicas e jurídicas, produtores rurais e prestadores de serviço.
“Nós focamos na locação para empresas, com um tempo médio de seis meses, de forma que fique vantajoso tanto para a empresa quanto para o produtor”, destaca. A maior procura ocorre na etapa do plantio, segundo ele. “No plantio todo mundo quer máquina, mas não tem equipamento para atender a demanda. O produtor rural precisa se planejar”, completa Bill.
