A ONG internacional Sinergia Animal divulgou a segunda edição do relatório “Porcos em Foco: Monitor da Indústria Suína Brasileira”. Esta publicação avalia as nove principais produtoras de carne suína do Brasil e suas políticas de bem-estar animal, analisando o progresso do setor em abolir práticas que causam sofrimento aos animais.
Empresas como Pamplona, BRF, JBS, Pif Paf, Alegra, Master, Aurora, Alibem e Frimesa foram analisadas com critérios baseados em compromissos públicos relacionados ao uso de gaiolas de gestação para porcas, uso indiscriminado de antibióticos em animais saudáveis e procedimentos dolorosos realizados sem anestesia ou analgesia, como castração, corte de cauda, dentes e orelhas de leitões.
Sete das nove empresas apresentaram mudanças em suas políticas. Destaca-se o compromisso da BRF e da JBS – as duas maiores produtoras de carne suína do Brasil – em eliminar o uso contínuo de gaiolas de gestação em todas as unidades e migrar para o sistema de gestação coletiva em novas unidades até 2026.
“Essa mudança, que até então era uma política exclusiva da Pamplona na primeira edição do relatório, coloca as três empresas empatadas na primeira posição do ranking deste ano”, informa Cristina Diniz, diretora da Sinergia Animal Brasil.
Cristina Diniz acrescenta: “Estamos trabalhando para que as empresas adotem o sistema de gestação coletiva em toda a sua operação e não apenas em novas unidades.”
A prática de gaiolas de gestação é controversa, banida em países como o Reino Unido devido ao intenso sofrimento físico e psicológico causado aos animais. Trata-se de um confinamento extremo que priva as porcas prenhas de movimento, impedindo-as de se locomover.
Um estudo realizado em 2021 pelo Instituto Datafolha e a organização Fórum Animal revelou que 88% dos consumidores brasileiros se preocupam com o bem-estar animal na produção de alimentos.
Além disso, o relatório destaca que, a respeito do corte de cauda de leitões, nove empresas permanecem omissas. Apenas a Master se comprometeu a abolir o uso indiscriminado de antibióticos.
“A resistência antimicrobiana é um problema grave associado ao uso indiscriminado de antibióticos na pecuária, afetando não só os animais, mas também a saúde humana”, destaca Diniz.
Principais resultados do relatório:
BRF, JBS e Pamplona lideram o ranking em 2023, porém nenhuma empresa alcançou a classificação “A”;
Até o momento, nenhuma empresa assumiu o compromisso de eliminar completamente as gaiolas de gestação em todas as unidades;
Aurora, a terceira maior produtora, ainda não assumiu compromissos em migrar para a gestação coletiva, nem mesmo em novas unidades;
Frimesa, quinta maior produtora, está na última posição do ranking e não se pronunciou sobre gestação coletiva, procedimentos dolorosos e uso indiscriminado de antibióticos;
A Master é a única empresa sem compromisso sobre gaiolas de gestação;
A Alibem comprometeu-se a adotar alojamento coletivo até 2031, elevando sua classificação para a categoria D.
A Sinergia Animal reforça seu compromisso com o bem-estar dos suínos e incentiva a transparência na cadeia produtiva do setor, buscando o fim das práticas mais prejudiciais da pecuária industrial.