Mercado

Queda do preço do boi gordo é um "ajuste para a realidade”

Depois da alta de 11% acumulada em novembro, os preços do boi gordo caíram com a pressão do mercado

Foto de gado charolês no campo.
O avanço da oferta de gado confinado das regiões Sudeste e Centro-Oeste é um dos principais fatores que explicam a desvalorização. | Foto: Banco de Imagens

Depois da alta de 11% acumulada em novembro, os preços do boi gordo caíram com a pressão do mercado. Na praça paulista, algumas indústrias já passam a pressionar o mercado local, com negociações com valores entre R$ 340,00 R$ 345,00 a arroba do boi gordo. A arroba registrou queda significativa, chegando a R$ 336,40 no fechamento de 3 de dezembro, conforme o indicador Cepea/B3, o que representa uma baixa diária de 4,38% e mensal de 4,42%. “A queda foi grande. A arroba chegou a R$ 354,00 no dia 26 de novembro e hoje está em R$ 305,50, quase R$ 50,00 a menos”, destaca o administrador de empresas Raphael dos Santos Galo, colunista da Scot Consultoria.

Especialistas indicam que o avanço da oferta de gado confinado das regiões Sudeste e Centro-Oeste é um dos principais fatores que explicam a desvalorização. “A alta do preço do boi gordo teve como fatores a falta de pasto e o preço do milho. Com o retorno das chuvas, melhorou as pastagens e o produtor segurou o gado um pouco mais, esperando um melhor momento” diz Galo.

O consultor sublinha que a situação só não está pior por conta da valorização da moeda norte-americana, que estimula as exportações. “Se as exportações não estivessem fortes, as cotações da arroba estariam menores”, avalia Galo, que também é consultor da Terra Investimentos.

O preço futuro do boi gordo acumula perda de 12% entre maio e dezembro, com o preço esperado para janeiro de 2025, por exemplo, abaixo de R$ 300,00 por arroba. “A tendência para o primeiro trimestre de 2025 é de baixa dos preços, com contratos sendo negociados a R$ 295,00 pela arroba do boi”, assinala o especialista.

“Na B3 é uma perspectiva para o futuro e esses aumentos um pouco descontrolados para os próximos meses não condizem com a realidade da pecuária. Não há capacidade de absorção de um boi a R$ 350,00, R$ 360,00 a arroba. Não tem mercado para isso”, sublinha o médico veterinário Júlio Otávio Jardim Barcellos, coordenador Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). “Houve um entusiasmo muito grande e agora está ocorrendo um ajuste para a realidade”. completa o coordenador do Nespro.