Evento promovido pela Associação Brasileira de Nozes e Castanhas, entidade que reúne os maiores produtores e exportadores do país, defendeu o comprometimento com práticas sustentáveis de produção e consumo como prioritário para ampliar a presença do setor nos mercados interno e internacional
O 10º Encontro Brasileiro de Nozes e Castanhas, evento anual da ABNC, realizado no último dia 24/11 sob o tema “Consumo com Impacto Positivo”, destacou a preocupação do setor em promover ações que possam beneficiar todos os elos da cadeia produtiva – com ênfase nos extrativistas e nas comunidades das quais fazem parte -, e valorizar as práticas socioambientais junto ao consumidor final como importante diferencial competitivo.
Opinião unânime entre os especialistas convidados para debater o tema, o Brasil, produtor de 4 das 8 castanhas mais consumidas em todo o mundo (castanha do Brasil, castanha de Caju, Macadâmia e Noz-Pecã), pode ampliar consideravelmente sua participação global ao se adequar as diretrizes ESG, sigla em inglês para “environmental, social and governance”, que estabelece práticas ambientais, sociais e de governança implantadas pelas empresas.
Abrindo a apresentação “Protagonizando o mercado pela Força do Exemplo”, Christina Carvalho Pinto, eleita duas vezes “a mulher mais influente em Marketing e Comunicação” pela Forbes Magazine e sócia & Brand Strategist da Hollum, destacou que o aumento do consumo das castanhas no Brasil está intimamente ligado a uma maior consciência do consumidor que “está exausto de bombas químicas, sempre que houver possibilidade econômica a alimentação saudável vai entrar para valer”.
Segundo a executiva, ao comentar as práticas ESG, no caso das nozes e castanhas os produtos já nascem com o “E”, pois “são frutos da terra, verdadeiros e saudáveis”, alertando para a importância do investimento no social e na consciência de todos os envolvidos na produção. “Todos os associados da ABNC tem de ter o “S” do social para não prejudicar a governança. Tudo está na cadeia da vida. Vida da terra, vida de quem consome. Se não trago vida, eu não vou durar”, completou Christina.
Andrea Azevedo, diretora do Fundo JBS pela Amazônia, apresentou alguns dados de estudo desenvolvido pela entidade sobre o potencial produtivo da castanha do Brasil, destacando que “além de uma maior consciência do consumidor por produtos com bases sustentáveis, existe uma pressão sobre o mercado para seguir esse caminho”.
Andrea destacou que o potencial do mercado mundial de produtos compatíveis com a floresta gira em torno de US$ 176 bilhões e que o país pode aumentar consideravelmente as exportações de castanha do Brasil ao responder a demanda internacional com maior investimento em ações socioambientais e de rastreabilidade de produtos. “As castanhas envolvem gente do chão da floresta e questões ambientais”, afirmou a executiva citando a qualificação do processo, como implantação de normas fitossanitárias, fortalecimento institucional de associações e cooperativas e o aumento do valor agregado dos produtos podem gerar novas oportunidades para os frutos brasileiros. “O agronegócio pode viver com a bioeconomia que precisa ser melhor estruturada. O preço da castanha brasileira não é compatível com o serviço ambiental que a cadeia produtiva presta”, analisou a executiva.
O segundo painel, “Consumo Consciente”, reuniu produtores como Beatriz Camargo, co-fundadora da Benti Foods, empresa especializada na produção de leites vegetais a partir de castanhas como a macadâmia, por exemplo. Para Beatriz hoje, mais do que alimentação, o consumo visa nutrição e o crescimento médio da indústria plant base – alimentos que utilizam ingredientes vegetais para substituir a proteína animal – que gira em torno de 11% ao ano é um indicativo dessa tendência. Para a empresária atualmente “existe a preocupação do impacto ambiental via alimentação e, no nosso caso, os consumidores levam em conta aspectos como bem estar, sabor e a questão animal”.
A produtora também destacou a importância das práticas ESG, certificações de origem e rastreabilidade como aliados do consumo consciente no setor. “O tema ainda cresce no Brasil, onde ainda existe a questão financeira para a escolha do consumidor, mas produtos com certificação geram maior valor e criam nichos”, completa Beatriz.
Blenda Tamanho, Sócia-diretora comercial da GHF GOhealth foods, empresa especializada na extração e comercialização de castanhas do Brasil, iniciou sua apresentação com a definição do “consumo consciente” segundo informações do Instituto Akatu, organização especializada no tema: consumir com melhor impacto, consumir diferente, sem excesso ou desperdícios, para que haja o suficiente para todos sempre.
Para Blenda, as reflexões de quem compra revelam-se como verdadeiros desafios para a indústria de castanhas brasileiras. “Quem cuida dos recursos naturais, como tratam e valorizam os funcionários, contribuem para o bem estar da comunidade local? Temos que cooperar, mais do que competir, para solucionar impactos negativos para a produção”, pontuou a executiva.
José Eduardo Camargo, presidente da ABNC – Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas, considerou o tema do consumo consciente, abordado no encontro anual da entidade, de extrema importância para o setor e seu relacionamento com as questões socioambientais envolvidas dentro do processo produtivo.
“Promover esse debate mostra o comprometimento dos nossos associados com todos os elos da cadeia produtiva e também com o consumidor final. Acreditamos que o alinhamento do setor com ações socioambientais e processos produtivos sustentáveis estimule o crescimento da produção e consumo, assim como da presença das nossas castanhas nos mercados internacionais”, finaliza Camargo.
Confira: https://www.abncnuts.org.br/