Depois de seis meses de altas consecutivas, o preço do leite captado em setembro e pago aos produtores em outubro registou queda real de 3,4%, chegando a R$ 2,3305/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea. O valor é 2,5% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de outubro de 2021). E a expectativa de agentes do setor é de que este movimento de desvalorização persista e se intensifique nos próximos meses. Pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam para a possibilidade de a “Média Brasil” recuar mais 5% em novembro.
Demanda enfraquecida segue pressionando cotações dos lácteos
A demanda por lácteos no atacado de São Paulo segue enfraquecida, o que mantém os preços dos derivados em queda. Pesquisas realizadas pelo Cepea, com o apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), apontam que, de setembro para outubro, os preços médios do leite longa vida (UHT), do queijo muçarela e do leite em pó (400g) caíram, respectivamente, 6,8%, 4,9% e 1,97%, passando para R$ 3,38/litro, R$ 26,60/kg e R$ 23,90/kg, na mesma ordem. Em um ano, as quedas nos valores foram de 4,1%, 11,5% e 11,2% (dados deflacionados pelo IPCA de outubro de 2021).
Oferta interna limitada e preços atrativos mantêm importações em alta
Apesar dos altos patamares do dólar – a média da taxa de câmbio em outubro foi de R$ 5,54 –, dados da Secex mostram que, de setembro para outubro, as importações de lácteos aumentaram 15,4%, totalizando 12,2 mil toneladas. O aumento das compras de derivados no mercado internacional esteve associado à oferta ainda restrita de matéria-prima no País e também à diminuição do preço médio negociado, sobretudo da categoria de leite em pó – produto responsável por quase 53% das aquisições brasileiras no mês.
Altas dos adubos e dos combustíveis inflacionam o custo de produção em outubro
O COE (Custo Operacional Efetivo) da pecuária leiteira registrou elevação de 1,80% entre setembro e outubro na “Média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), influenciado, sobretudo, pelos avanços registrados nos grupos de adubos e corretivos (+14,62%) e de combustíveis (+5,56%). Os aumentos nesses grupos estão atrelados às valorizações do barril de petróleo e às dificuldades logísticas internacionais. Neste ano, até outubro, o Custo Operacional Efetivo acumula alta de 17,25% na “Média Brasil”.
Fonte: Cepea