Pecuária

Impactos da estiagem no meio rural catarinense

Até o momento, a Epagri/Ciram registra 24 Estações Hidrológicas em condição de estiagem, sendo nove delas em situação de emergência.

A estiagem volta a causar prejuízos para o agronegócio catarinense. Nas regiões Oeste e Extremo Oeste, a falta de chuvas já reflete na safra de milho e os produtores podem ter perdas de até 50% na colheita. Nesta quarta-feira, 29, Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural e Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) reuniram técnicos, deputados estaduais e lideranças do setor produtivo para apresentar a situação atual e alinhar as ações em prol dos produtores rurais.

“Essa semana a estiagem se agravou bastante. Tenho visitado alguns municípios afetados e propriedades rurais e a situação é dramática. Ao longo do ano, realizamos diversas ações para minimizar os impactos das estiagens recorrentes e, nesse momento, toda nossa equipe, da Epagri e da Secretaria, está focando os esforços para atender os agricultores atingidos pela seca”, destaca o secretário da Agricultura Altair Silva.

A estiagem é causada pelo baixo volume de chuvas nas regiões Extremo Oeste, Oeste e Meio Oeste de Santa Catarina. A média atual de precipitações nesses locais é de, respectivamente, 20, 31 e 46 milímetros. Sendo que o esperado seria uma média em torno de 150 mm. “Estamos com um déficit de água de 130 milímetros. Isso afeta diretamente algumas culturas, como milho e soja, além das agroindústrias e a dessedentação animal”, explica o hidrólogo da Epagri/Ciram Guilherme Miranda.

Até o momento, a Epagri/Ciram registra 24 Estações Hidrológicas em condição de estiagem, sendo nove delas em situação de emergência; como exemplo, a Bacia do Rio Peperi-guaçu, Rio Chapecó, Rio das Antas e Rio do Peixe.

“O panorama emitido pela Defesa Civil aponta que a estiagem vai perdurar e nós precisamos de estratégias para que possamos evoluir e atender os produtores rurais da melhor forma possível”, destaca o chefe da Defesa Civil de Santa Catarina, David Busarello.

A principal preocupação do setor produtivo é a quebra na safra de milho – tanto milho grão quanto silagem –; que deve impactar diretamente as cadeias produtivas de carne e leite.

Segundo Altair Silva, no início do próximo ano, a Secretaria da Agricultura irá iniciar o investimento de mais R$ 100 milhões para apoiar a construção de sistemas de captação, armazenagem e distribuição de água no meio rural. Agricultura, Defesa Civil e Epagri unirão esforços para orientar os municípios sobre as ações disponíveis para dar o suporte aos produtores.

Impactos na safra de milho

De acordo com as informações da Epagri/Cepa, no Extremo Oeste, em especial no Vale do Rio Uruguai, a colheita esperada pode ter uma redução de até 50%.“É importante destacar que essa é a avaliação durante essa semana, se continuarmos sem chuvas o cenário pode se agravar ainda mais”, alerta o analista Haroldo Tavares.

Em outras áreas, como Oeste, Meio Oeste e Planalto Norte, o déficit hídrico pode acarretar perdas de 30% na safra de milho. Nas regiões Sul, Litoral e Campos de Lages ainda não há registro de perdas significativas.

Previsão climática

Segundo a Epagri/Ciram, o verão em Santa Catarina será de chuvas abaixo da média em boa parte do estado e temperaturas acima da média principalmente no Oeste.

Nos próximos três meses, a região Oeste deve enfrentar chuva abaixo da média climatológica. No Meio-oeste, Planalto Sul, Planalto Norte e Alto Vale do Itajaí a chuva fica próxima a abaixo da média. Já no Litoral, Médio e Baixo Vale do Itajaí a chuva deve permanecer próxima a acima da média.

Ações para minimizar os impactos da estiagem

A Secretaria de Estado da Agricultura mantém programas especiais para aumentar a resiliência hídrica em Santa Catarina e minimizar os impactos das estiagens recorrentes.

Em 2021, por meio do Programa SC Mais Solo e Água, o Governo do Estado investiu R$ 100 milhões em financiamentos sem juros ou subvenção aos juros de financiamentos para apoiar a construção de sistemas de captação, armazenagem e distribuição de água no meio rural. Além da transferência de recursos para os municípios adquirirem equipamentos.

Foram 2,4 mil produtores beneficiados e serão 100 prefeituras atendidas. O Programa contará com mais R$ 200 milhões em investimentos nos próximos 2 anos.

Além disso, a Secretaria da Agricultura destinou R$ 4,5 milhões para aquisição de 126 distribuidores de água que foram cedidos para os municípios de Santa Catarina ao longo do último ano.