Detecções em soja voluntária, kudzu e coletores alertam para a doença mais severa da cultura
Notificações da ferrugem-asiática no Paraguai e Paraná acenderam o alerta para os cuidados com a doença. Apesar de não ter sido identificada em lavouras comerciais, essas detecções demonstram que a ferrugem já está presente na região, exigindo atenção dos produtores de soja, especialmente os do Sul do país. “O esporo estando presente só vai nos faltar a condição climática para que tenhamos uma epidemia”, alerta a professora da Universidade de Passo Fundo (UPF) e doutora em fitopatologia, Carolina Deuner.
Para uma epidemia são necessários três fatores: o clima favorável e umidade, a soja plantada e o inóculo. A doença costuma ocorrer entre o final de janeiro e início de fevereiro na região de Passo Fundo. No entanto, o controle deve ser realizado de forma antecipada e preventiva. “Não protelar as aplicações de fungicida vai ser um fator determinante para o controle da ferrugem asiática”, destaca a especialista.
Controle
A doença é extremamente rápida e agressiva, afetando o potencial produtivo. O controle pode iniciar com aplicação zero ou no pré-fechamento. No primeiro caso, que ocorre na dessecação pós-emergência, a doença ainda não está presente. “Mas se eu tiver uma planta com menos inóculo de ferrugem, menos oídio, eu terei uma planta que vai manter seu potencial produtivo e isso é importante para o controle de doenças no geral”, explica Carolina.
O controle específico da ferrugem-asiática começa no pré-fechamento das entrelinhas, quando o fungicida pode ser aplicado no baixeiro da planta e apresentar melhores respostas de controle.
“O produtor tem que acompanhar e fazer um programa eficiente. Hoje a gente fala de aplicação de produto a base de carboxamidas nas primeiras aplicações, naquela do pré-fechamento e na sequencial. E na utilização de produtos antigos nas últimas aplicações associada à morfolina e a multissítios, para ter um programa robusto”, aconselha a professora.
Vazio Sanitário
O Rio Grande do Sul passou a adotar nesta safra 2021/2022 o vazio sanitário. Desta forma, o período definido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a semeadura da soja no estado passou a ser de 13 de setembro de 2021 a 31 de janeiro de 2022. Na região Sul, o Paraná também adotou a medida nesta safra e Santa Catarina já realizava o vazio sanitário.
“A ferrugem é um fungo que sobrevive em tecido vivo, ou seja, se eu tiver uma soja no inverno e essa planta estiver infectada com a ferrugem-asiática, quando eu semear a soja de novo eu vou ter muito esporo na região. Isso significa que a infecção pode ser antecipada”, explica Carolina, que ressalta a importância dos produtores seguirem as determinações.
A Portaria nº 389, que estabelece os calendários de semeadura de soja referente à safra 2021/2022, está disponível aqui.
Notificações
O serviço de monitoramento do Paraguai detectou a presença do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da doença, em plantas voluntárias de soja (não cultivadas e que nasceram espontaneamente) e no kudzu (Pueraria lobata), hospedeiro alternativo do fungo. No Brasil, esporos do fungo da ferrugem foram identificados em coletores do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR – Paraná) no final de outubro.
Ferrugem da soja
A ferrugem-asiática é considerada a mais severa da cultura, podendo causar perdas de até 90% de produtividade se não controlada, conforme o Consórcio Antiferrugem.
Texto: Bruna Scheifler/Destaque Rural