Impacto

Identificação de doença de Newcastle pode impactar até 15% das exportações de frango

Entidades ressaltam segurança do consumo de carne de frango

Foto de frangos brancos.
O caso deve impactar de 5% a 7% da produção nacional de carne de frango | Foto: wirestock/Freepik

A suspensão de exportações de frango decorrente da identificação da Doença de Newcastle em uma ave do Rio Grande do Sul deve impactar de 5% a 7% da produção nacional de carne de frango e 15% das exportações do país, considerando a produção brasileira de 1,2 milhão de toneladas de frango por mês e exportação de 430 mil toneladas por mês. No pior cenário projetado, as suspensões podem afetar de 50 a 60 mil toneladas de frango, incluindo, principalmente, pés e patas.

Os dados foram apresentados hoje (19) em coletiva de imprensa pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). No Rio Grande do Sul, o impacto da suspensão pode atingir de 12 a 14 mil toneladas de carne de frango, 15% do total produzido e exportado mensalmente pelo estado. Não há estimativa do impacto na receita das exportações.

A ABPA e Asgav afirmam que esses produtos que não serão exportados podem ser redirecionados para o mercado interno e para outros compradores do mercado externo. As entidades garantem que não há risco de desabastecimento no Brasil e que não deve haver grande impacto no preço.

Auto-embargo

O auto-embargo foi decretado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), suspendendo exportações brasileiras de frango para Argentina, China e União Europeia (certos produtos). Há embargos também para o Rio Grande do Sul e para estabelecimentos localizados em um raio de 10km de onde foi identificado o caso da doença de Newcastle. O tempo de embargo depende de cada país importador. A medida é considerada uma ação de prevenção.

Segurança

O presidente da ABPA, Ricardo Santin, ressalta que o caso diagnosticado trata-se de um caso único e isolado dentro de 12 testes que foram realizados. “Não é uma doença que se transmite pela carne, ela ataca apenas as aves”, ressalta Santin.

O Mapa já declarou que a população não deve se preocupar e pode continuar consumindo carne de frango e ovos, inclusive da própria região afetada. De acordo com a pasta, o consumo de produtos avícolas inspecionados pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO) permanece seguro e sem contraindicações.

Caso positivo

O caso da doença de Newcastle (DNC) foi identificado em um estabelecimento de avicultura comercial de corte, localizado no município de Anta Gorda, no estado do Rio Grande do Sul. O caso foi confirmado nesta quarta-feira (17) pelo Mapa.

De acordo com a ABPA, sete mil aves morreram no estabelecimento após um encharcamento decorrente de um destelhamento causado por chuva de granizo. Acredita-se que as aves podem ter morrido por estresse térmico devido ao frio. Não foram registrados sintomas clínicos em nenhuma ave.

Medidas

O estabelecimento avícola foi imediatamente interditado, incluindo a suspensão de movimentação das aves, a partir do primeiro atendimento pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). Desde então, foram adotados protocolos sanitários, inclusive o abate de todas as aves e desinfecção do local onde o caso foi diagnosticado. Também estão sendo adotadas medidas de biosseguridade, demarcação de zonas de proteção e vigilância em todas propriedades existentes no raio de 10km, definição de barreiras sanitárias, entre outras medidas.

Nesta sexta-feira (19), o Mapa publicou Portaria que declara estado de emergência zoossanitária no Estado do Rio Grande do Sul, medida válida por um prazo de 90 dias.

A ABPA afirma que as autoridades e as empresas estão assegurando que esse caso não se torne uma epidemia e que cause desabastecimento. “Vamos cumprir os requisitos mantendo a segurança dos alimentos para os brasileiros e para os importadores”, ressalta Santin.

“Estamos bastante atentos, estamos nos mobilizando como setor com todo o aparato técnico e de assistência, estamos nos mobilizando para a solução mais rápida possível e com os menores impactos no nosso mercado”, destacou o Presidente Executivo da ASGAV, José Eduardo Dos Santos.