Com o início da seca no Brasil Central, a produção de capim e consequentemente da massa forrageira cai, levando os produtores a adotarem diferentes estratégias para a manutenção ou ganho de peso dos bovinos.
O confinamento é uma dessas estratégias para a terminação de bovinos, com o uso de concentrados como a principal fonte de nutrientes na dieta e, ano a ano, a quantidade de cabeças em terminação nesse sistema cresce (figura 1).
Figura 1. Estimativa de animais confinados no Brasil, em milhões de cabeças.
*estimativa
Fonte: Scot Consultoria
Custos de produção e o confinamento em 2022
Os custos operacionais do confinamento estão ligados, basicamente, à aquisição do boi magro e à dieta do confinamento. Dois fatores que, nos últimos anos, pressionaram as margens do confinador.
O custo da diária de bovinos confinados teve um salto de 71,1% de 2020 a 2022 (ICBC, ESALQ-USP).
Por utilizar alimentos concentrados como principal fonte de nutrientes, o custeio da dieta é maior quando comparado aos bovinos terminados em pasto.
O uso de coprodutos de agroindústrias tem sido uma ferramenta para reduzir custos na dieta dos bovinos confinados. Para essa estratégia, a disponibilidade na região do confinamento deve ser considerada, assim como o custo do frete e valor nutricional.
Mesmo com o crescente uso de coprodutos, o milho e o farelo de soja são um dos principais insumos consumidos nos confinamentos e ditam o preço na dieta dos bovinos.
Para o primeiro giro de confinamento (abril/maio), o cenário foi pouco atraente, com relação aos insumos supracitados e aos preços no mercado físico do boi gordo, apesar de um custo para aquisição do boi magro relativamente menor.
Atualmente, o elevado preço dos insumos tem dividido opiniões sobre a expectativa do segundo giro de confinamento.
Em doze meses, a relação de troca entre o boi gordo e o farelo de soja piorou 2,4% e, com relação ao milho, o cenário é praticamente o mesmo comparado a junho de 2021. Na comparação mensal, porém, o cenário é de incremento no poder de compra do produtor. Veja na figura 2.
Figura 2. Arrobas de boi gordo para a aquisição de uma tonelada de farelo de soja e milho, em São Paulo.
Fonte: Scot Consultoria
As expectativas de produção de milho segunda safra são recordes (88 milhões de toneladas), 44,9% superior à safra 2020/21, e devem pressionar o preço do insumo neste semestre.
O cenário no mercado internacional, no entanto, em meio ao conflito no leste europeu, à alta do dólar e o ritmo do desenvolvimento da safra norte-americana 2022/23, são fatores que poderão limitar a pressão de baixa no mercado doméstico.
Figura 3. Preços do milho no mercado físico e no mercado futuro em Campinas-SP, em R$ por saca de 60 quilos, sem o frete, em valores nominais.
Fonte: B3 / Scot Consultoria
Com relação aos bovinos para reposição, o preço médio do boi magro em São Paulo caiu 5,5% em doze meses (figura 4), fato que também melhora a expectativa para o segundo giro.
Figura 4. Preço do boi magro em São Paulo, em R$/cabeça, nos últimos doze meses.
Fonte: Scot Consultoria
Além disso, no mercado futuro os contratos com vencimento em out/22 são negociados entre R$335,00 a R$340,00/@, época de saída do gado do segundo giro, o que dá ao confinador margem para realizar seguros de preços.
Em meio ao cenário vigente, a expectativa para o segundo giro é de incremento na quantidade de cabeças confinadas no segundo semestre de 2022.
Fonte: Confina Brasil – Scot Consultoria