Corte

Brasil tem tecnologia para alcançar tendência de produção animal livre de antibiótico

A produção agropecuária livre de antibióticos como potencializadores de desempenho já é uma realidade no Brasil, especialmente para produtores em busca de destaque no mercado nacional ou que visam atender demandas específicas de seus clientes. Com a orientação técnica apropriada e soluções nutricionais voltadas para a promoção da saúde intestinal, é viável realizar uma transição mantendo o desempenho zootécnico mesmo com a retirada dos antibióticos melhoradores de desempenho, conhecidos como promotores de crescimento. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é responsável por regulamentar as substâncias utilizadas na produção animal, sendo a IN nº 01, de 13/01/2020, a mais recente atualização que proíbe o uso dos antimicrobianos tilosina, lincomicina e tiamulina como potencializadores de desempenho.

Essa tendência de restrição está alinhada com a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que considera a resistência antimicrobiana (RAM) uma das maiores ameaças à saúde humana, animal e com implicações para o meio ambiente. Estudos projetam que, até 2050, o número de mortes relacionadas à resistência aos antibióticos poderá ser equivalente ao de óbitos causados pelo câncer. No mesmo período, estima-se uma queda de 11% na produção pecuária mundial devido à resistência microbiana.

Embora o uso de antibióticos para aprimorar o desempenho não seja recente e não esteja restrito a uma região específica, sua utilização é comum na criação de diversas espécies animais em doses pequenas, visando controlar o desenvolvimento de bactérias patogênicas no intestino e, consequentemente, evitar impactos negativos na produtividade. Maurício Rocha, médico veterinário e gerente nacional de monogástricos da Alltech, ressalta: “O intestino é um dos órgãos mais importantes do organismo animal, responsável pela absorção de nutrientes essenciais para a sobrevivência, além de conter cerca de 70% do sistema imunológico. Modulando as condições intestinais, é possível prevenir o crescimento de bactérias patogênicas que representam riscos significativos para a saúde dos animais”.

Nutrigenômica
Com base na nutrigenômica, área que estuda os efeitos da nutrição na expressão genética, a Alltech criou o Actigen®, um prebiótico de última geração. Esse produto é composto por frações ativas de mananos, que têm a capacidade de aglutinar as bactérias que possuem fímbria tipo 1, como aquelas responsáveis por salmoneloses e colibaciloses, duas condições de grande impacto na produção animal. Essa aglutinação impede que tais bactérias se fixem e se proliferem no intestino. O Actigen é capaz de modificar mais de 2 mil genes, diretamente relacionados a aspectos nutricionais, digestivos e imunológicos. Segundo Rocha, isso representa uma verdadeira inovação no mercado de nutrição animal. Ele destaca que o objetivo não é erradicar completamente as bactérias patogênicas da microbiota intestinal, mas sim promover o crescimento e o equilíbrio das bactérias benéficas para a saúde intestinal.
Estudos conduzidos pela empresa no Brasil comprovam que o uso da fração ativa de mananos pode reduzir a dependência de antibióticos e até reverter a resistência a esses medicamentos. Um estudo de campo realizado com suinocultores de uma cooperativa no Oeste do Paraná mostrou resultados positivos ao utilizar o Actigen para controlar as bactérias Salmonella e E. Coli, sem necessidade de alterar qualquer prática de manejo. O especialista relata: “Em apenas sete meses, conseguimos restaurar a sensibilidade aos antibióticos, os quais antes enfrentavam alta resistência bacteriana, tornando-os mais ativos e eficazes”.