
O valor de referência do leite projetado para outubro de 2025 no Rio Grande do Sul é de R$ 2,2163 o litro. O indicativo foi apresentado em reunião do Conseleite/RS realizada na sede da Farsul, no dia 28 de outubro. O dado indica uma redução de 4,26% em relação ao projetado de setembro. Ao avaliar a comparação do valor referência consolidado, setembro fechou com o litro a R$ 2,3235, diferença de -2,62% em relação ao indexador consolidado de agosto (R$ 2,3861).
Produtores e indústrias debateram os entraves que vive o setor. Entre as preocupações para os próximos meses estão as dificuldades relacionadas à balança comercial do setor lácteo no Brasil, que é rotineiramente inundado por produtos importados e segue com dificuldades para exportações. “É um assunto que preocupa e precisamos nos unir para buscar alternativas. A relação entre compras e vendas internacionais de produtos lácteos é o caminho da estabilidade interna que a cadeia leiteira tanto espera“, frisou o coordenador do Conseleite, Darlan Palharini.
O coordenador adjunto do Conseleite/RS e da Comissão do Leite e Derivados da Farsul, Allan Tormen, traz a preocupação dos produtores. Ele explica que o Leite UHT e o queijo muçarela, que levam uma boa parte da produção estadual, tiveram uma redução forte nos preços. No caso do Leite UHT essa queda atingiu 8,29% de baixa em relação ao mês anterior. “Isso tem deixado a gente bastante preocupado. A situação é conjuntural e estrutural. Hoje temos uma oferta, no estado e no Brasil, mais alta“, destaca.
Tormen, que também é presidente do Sindicato Rural de Erechim, aponta dois fatores para a queda nos preços. Além da sazonalidade natural do aumento na produção no período. A entrada do produto importado do Mercosul tem colaborado em pressionar os preços. “Como entendemos que o mercado é soberano, com a questão da oferta e demanda há esse movimento de pressão dos preços para baixo”, salientou o dirigente. Enquanto Federação (Farsul) e CNA, solicitamos que o Ministério do Desenvolvimento e Indústria de Comércio dê celeridade ao nosso pedido de antidumping“, completou.
Ele lembra que o entendimento da pasta foi de que a produção é de leite fluído e a importação de leite em pó, o que não caracterizaria concorrência. “A CNA trabalha para reverter essa interpretação para tentar mitigar um pouco esse efeito deletério nos preços. Mas, o que vemos é que a oferta vai continuar muito forte ainda, pelo menos até março, o que nos dá uma preocupação enorme porque estamos longe do fim da crise de preços“, avalia Tormen.
A mesma preocupação foi demonstrada pelo presidente da CNA, João Martins. Ele afirmou que os produtores de leite enfrentam uma “crise profunda e injusta” com a importação desleal de leite em pó. “Isso significa perda de renda no campo, propriedades ameaçadas, famílias desamparadas e um risco real de o Brasil perder sua base produtiva de leite“, disse.
Segundo Martins, a CNA tem atuado com firmeza na defesa dos produtores. Neste contexto, ele pede ao vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, para combater essa prática desleal de comércio e acatar o pedido da CNA de aplicação de direitos antidumping contra os países vizinhos. “Precisamos proteger os produtores de leite do nossos país“.
Fonte: Farsul
