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Leite: cepea prevê estabilidade nos preços para o último bimestre do ano

O declínio nos preços do leite ao produtor parece estar desacelerando, de acordo com o último levantamento do Cepea, divulgado nesta quarta-feira (22). Em setembro, o preço do leite cru captado por laticínios registrou a quinta queda mensal consecutiva, diminuindo em 9,1% em relação a agosto, atingindo a marca de 2,0509/litro na 'Média Brasil' líquida.

O declínio nos preços do leite ao produtor parece estar desacelerando, de acordo com o último levantamento do Cepea, divulgado nesta quarta-feira (22). Em setembro, o preço do leite cru captado por laticínios registrou a quinta queda mensal consecutiva, diminuindo em 9,1% em relação a agosto, atingindo a marca de 2,0509/litro na ‘Média Brasil’ líquida. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve uma queda significativa de 31,5% em termos reais, após a correção pelos índices do IPCA de setembro de 2023.
Os estudos em andamento pelo Cepea indicam que a tendência de redução nos preços do leite ao produtor pode persistir em outubro, mas com menor intensidade e variabilidade entre as diferentes regiões produtoras de leite. A expectativa é que a ‘Média Brasil’ recue em torno de 5%.
A desaceleração desse declínio em outubro pode ser atribuída, em parte, à ligeira diminuição na disponibilidade interna de lácteos, influenciada pelo abrandamento no crescimento da captação nacional de leite.
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou um aumento de apenas 0,36% entre agosto e setembro, com destaques para os aumentos de 4,9% na Bahia, 2,5% em Goiás, 2,41% em Minas Gerais e 2,14% em São Paulo. Por outro lado, houve uma queda média de 2% na captação nos estados do Sul em setembro, com retrações de 2,71% no Rio Grande do Sul, 1,71% no Paraná e 1,64% em Santa Catarina. Esses dados evidenciam uma desaceleração na captação, tendência que deve se acentuar no último bimestre de 2023.
Além dos desafios climáticos, como seca e calor no Sudeste e Centro-Oeste e excesso de chuvas no Sul, a redução na margem de lucro dos produtores tem limitado a produção. Segundo o Cepea, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira na ‘Média Brasil’ caiu 5,4% de janeiro a outubro, enquanto a receita e a margem bruta diminuíram mais intensamente, 19% e 55%, respectivamente.
Diante dessa queda progressiva e substancial na margem dos produtores, espera-se uma redução nos investimentos a curto prazo na atividade. Paralelamente, as importações continuam a aumentar, conforme dados da Secex, que indicam um aumento de 26,1% nas compras externas em outubro. No acumulado do ano, o volume importado atinge 1,8 bilhão de litros em equivalente leite, um aumento expressivo de 77,4% em relação ao mesmo período de 2022.
A pesquisa do Cepea revela que, em outubro, os preços do UHT e da muçarela negociados entre laticínios e distribuidores em São Paulo caíram 4,1% e 2,5%, respectivamente, em comparação com setembro. No entanto, o leite em pó fracionado (400g) valorizou-se em 2,5%, devido à redução na produção deste derivado. As médias da primeira quinzena de novembro indicam uma inversão na tendência do mercado de derivados, com estoques mais baixos e sinais de recuperação no consumo.
Esses dados reforçam a percepção de agentes de mercado consultados pelo Cepea de que as cotações do leite ao produtor podem apresentar uma queda menos acentuada em outubro, com perspectiva de estabilidade para o último bimestre do ano.

Confira o boletim do Cepea: