Leite

Balança comercial de lácteos: queda brusca nas importações

Com a forte queda nas importações durante o mês de setembro, a balança comercial de lácteos passou por uma variação positiva no último mês.

Com a forte queda nas importações durante o mês de setembro, a balança comercial de lácteos passou por uma variação positiva no último mês. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo obtido em setembro chegou a -143,6 milhões de litros em equivalente-leite, 41,9 milhões de litros acima do saldo obtido no mês anterior, como pode ser observado no gráfico 1.

Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

As exportações registraram uma nova alta no último mês. Com um volume de 6,11 milhões de litros em equivalente-leite exportados, setembro encerrou com um avanço de 11,4% nas exportações, como mostra o gráfico 2. Apesar desta alta, o ano de 2023 ainda segue com exportações fracas quando comparado com o ano anterior, com os resultados dos primeiros 9 meses de 2023 passando por um recuo de 49,3%, ou 52,8 milhões de litros de leite, quando comparado com o mesmo período de 2022.

Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

Por outro lado, após mais uma alta observada no volume importado durante agosto/23, no mês de setembro as importações voltaram a recuar. Com um total de 149,7 milhões de litros em equivalente-leite importados, o recuo mensal observado chegou a 21,6%, ou 41,3 milhões de litros de leite, como mostra o gráfico 3. Mesmo com essa importante baixa no último mês, o resultado obtido em 2023 segue consideravelmente superior ao observado no mesmo período de 2022, ficando com um volume importado nos primeiros 9 meses do ano 90% acima do obtido em 2022.

Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

Apesar da recente valorização nos preços internacionais de lácteos, apontada tanto nos preços do GDT como nos preços praticados no Mercosul, para avaliar essa queda nas importações no mês de setembro precisamos levar em consideração que os produtos que chegaram ao Brasil no último mês foram negociados em um período entre 45 e 60 dias antes disso, ou seja, cerca de 2 meses atrás.

Dessa forma, podemos entender que as valorizações nos preços internacionais observadas durante o mês de setembro afetarão as importações de novembro e dezembro de 2023. Consequentemente, é importante levar em consideração que essa queda nas importações vista no último mês ocorreu em um período em que as negociações estavam sendo realizadas com os preços internacionais ainda em um patamar bastante baixo, mostrando que, mesmo com os preços de importações competitivos, a demanda brasileira desaqueceu, tornando visível um cenário de mercado já abastecido, demanda final retraída e dificuldade no escoamento dos produtos.

Dentro das importações, todas as categorias de alta relevância enfrentaram recuos em seus volumes importados no mês de setembro. O leite em pó integral, principal categoria láctea importada pelo Brasil, enfrentou um recuo de 19% e chegou ao terceiro pior resultado mensal de 2023, com um pouco mais de 10,9 mil toneladas importadas.

O leite em pó desnatado, os queijos e o soro de leite tiveram seus volumes importados diminuídos em 38%, 17% e 2,5%, respectivamente, colaborando para esse cenário de importante queda nas importações no último mês.

Já entre as categorias exportadas, o leite em pó desnatado passou por um aumento mensal em seu volume, chegando a mais de 24 toneladas exportadas no último mês, sendo o segundo melhor resultado mensal de 2023, até o momento. Entretanto, apesar da importante alta mensal, o leite em pó desnatado não possui uma alta relevância nas exportações brasileiras de lácteos, tendo mantido o leite condensado como a categoria mais relevante.

O leite condensado também enfrentou uma alta mensal em seu volume exportado, de 34%, chegando a exportar o maior patamar de 2023 para a categoria até então. E outra categoria de alta relevância também enfrentou um avanço em sua exportação: o soro de leite; onde, com uma alta mensal de 359%, foi alcançado o recorde de maior volume exportado pelo Brasil de toda a série histórica (iniciada em janeiro/00) para a categoria.

Em contrapartida, outros importantes produtos exportados pelo Brasil enfrentaram queda em seu volume exportado em setembro, como leite UHT (-41%) e o creme de leite (-2%).

As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de setembro e agosto deste ano.

Tabela 1. Balança comercial láctea em setembro de 2023

Tabela 2. Balança comercial láctea em agosto de 2023.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.

O que podemos esperar para os próximos meses?

Como falado anteriormente, mesmo com as negociações das importações brasileiras de setembro ocorrendo em um período de maior competitividade dos preços internacionais, a maior disponibilidade de produtos e a dificuldade em escoar esses produtos no mercado interno diminuíram de forma intensa a demanda externa brasileira. Somado a esse fator, o Brasil enfrenta um aumento da sua oferta por conta da sazonalidade na produção de lácteos e os preços internacionais demonstram a cada semana um maior ímpeto de alta, gerando um cenário de desfavorecimento das importações para o Brasil para o restante de 2023.

Fonte:MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT