Leite

Rio Grande do Sul passa por transição no modelo de produção de leite

O número de produtores de leite está em plena decadência no Rio Grande do Sul. A tendência é de que essa redução continue, em um movimento de transição para um modelo que deve concentrar a produção em grandes produtores, cada vez mais tecnificados. Entre 2015 e 2021, o número de propriedades diminuiu 30,7%, segundo o Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul. Porém, a produção sofreu um impacto de apenas -4,4%.

Essa mudança deverá trazer repercussões culturais e sociais. Porém, economicamente, a redução do número de produtores não deve afetar a cadeia produtiva, já que a produção leiteira vem se mantendo. “A gente não está perdendo leite, a gente está perdendo produtores. Muitos produtores estão aumentando a produção, tendo mais vaca em lactação, maior média de leite por vaca e tendo melhor uso da terra para produzir, então o que está acontecendo não é uma exclusividade do leite, todos os negócios caminham para esse caminho”, avalia o gerente de produção animal da Cotrijal, Alan Rahman.

A adaptação a esse novo cenário da produção foi um dos destaques do 18º Fórum Estadual do Leite, realizado hoje (08), na 23ª Expodireto Cotrijal. O evento apresentou projeções de mercado, exemplos de produtores que otimizaram seus negócios e perspectivas para o setor.

Foto de pessoas sentadas em mesa no palco de um evento.
O Fórum é uma promoção da Cotrijal e da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL) | Foto: Divulgação

De acordo com Rahman, entre os motivos para a queda no número de produtores está a falta de vocação, ausência de sucessão rural, deficiência na assistência técnica e carência de visão de mercado. Portanto, considera preciso uma mudança de mentalidade para se manter nesse mercado cada vez mais exigente. Entre as estratégias para isso, o gerente cita a assistência técnica qualificada, auxílio de profissionais que possam auxiliar na transição do modelo de negócios e avaliação da viabilidade da atividade.

Mercado

Além dos motivos citados por Rahman, a instabilidade do preço do leite também é apontada como um desestímulo para continuar na atividade, especialmente com a queda na relação de troca. Este ano, no entanto, pode trazer notícias melhores aos produtores. “A demanda no Brasil está um pouco mais fraca, a economia vem desacelerando, a inflação ainda está impactando no bolso do consumidor e as vendas estão um pouco abaixo do esperado no primeiro trimestre. Porém, eu acho que o produtor de leite está numa situação melhor, as margens melhoraram e os insumos caíram um pouco. Então, deve ser um ano com uma curva de preço um pouco mais suave do que foi o ano passado”, disse o palestrante e especialista do Rabobank, Andrés Padilla.

Exemplos

A produtora Larissa Zambiasi, de 24 anos, de Coqueiros do Sul (RS), relatou no evento a sua experiência com o aplicativo SmartCoop, que está auxiliando na sucessão da propriedade da família. Já o diretor da Labor Rural, Christiano Nascif discursou sobre o tema “Gestão da propriedade leiteira: o que os melhores fazem para ganhar dinheiro””.