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Safra de soja no Paraná foi afetada pelo calor intenso de Dezembro e Janeiro

Fotos: Jaelson Lucas / Arquivo AEN
Fotos: Jaelson Lucas / Arquivo AEN

Por Larissa Vasconcelos

A safra de soja continua a desempenhar um papel crucial na agricultura e economia brasileira, prometendo resultados significativos para o ano corrente. As projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam a expectativa de uma colheita de 155,3 milhões de toneladas do grão. No entanto, a USD (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) diverge ligeiramente, apontando para uma safra brasileira de 157 milhões de toneladas, com uma média de exportação estimada em 99,5 milhões de toneladas.

No Paraná, que inicia precocemente sua semeadura em setembro, parte da safra 2023/24 já está em processo de colheita. Embora o percentual colhido seja inicialmente modesto, esse estágio inicial permite começar o desempenho da safra deste ano. Edmar W. Gervásio, analista de soja e milho do Departamento de Economia Rural (Deral), destaca que o ciclo de semeadura do Paraná foi bem escalonado, iniciando em setembro. Contudo, lavouras semeadas em outubro enfrentaram estresse térmico devido ao calor intenso de dezembro e janeiro, o que impactará a produtividade final da soja no estado.

Gervásio ressalta que a região sul, beneficiada por chuvas mais abundantes, sofreu menos impactos. No entanto, prevê uma redução significativa na produtividade em regiões como oeste, norte, centro-oeste e noroeste do estado.

Foto: Edmar W. Gervásio,

“A gente vai perceber é em termos de produtividade, possivelmente uma redução significativa na região oeste, norte e centro-oeste do estado e noroeste também, mas é o volume de produção nessa região é bem menor. A gente tem uma concentração maior é basicamente na região norte do estado a região oeste centro-oeste que temos aí a concentração é grande de  plantio. Entretanto, o volume maior de área tá na região sul do estado que a gente tem em torno aí de 29% e 30% da área planta tá nessa região mais ao sul e o impacto de certa forma é menor nessa Safra,” esclarece o analista.

Ainda não é possível determinar com precisão o percentual de perda nas lavouras, uma vez que a maior parte da área não foi colhida. No entanto, os últimos dados da Deral apontam para uma produção de 21,7 milhões de toneladas. “Mas esse numero será invariavelmente menor. Hoje já é possível afirmar uma perda maior que 5%  Então no estado, a gente pode falar hoje que possivelmente a gente já tem uma produção abaixo de 20 milhões. A gente já tá falando aí uma perda potencial em torno de mais ou menos 1 milhão e meio de toneladas, justamente porque as condições de clima nesses últimos 40 dias não foram favoráveis. Então terá um reflexo direto em termos de produção, as áreas que começaram a colher ainda é de certa forma incipiente no estado, elas estão trazendo uma produtividade média em torno de três a 3.300 kg por hectare, enquanto a expectativa inicial para essas áreas em termos de média para o estado, era em torno de 3.700 a 3.800 kg por hectare,” explica Gervásio.

Algumas áreas estão sendo colhidas precocemente devido a condições adversas, que causaram um desenvolvimento mais rápido das plantas, resultando em menor produtividade. 

Outro aspecto relevante desta safra, conforme destacado por Gervásio, é a diminuição da comercialização antecipada no estado devido à redução nos preços da saca de soja. Os produtores estão adiando a comercialização, aguardando condições de mercado mais vantajosas. Comparado a safras anteriores, onde a comercialização antecipada era comum, nesta safra a taxa inicial mal ultrapassou os 5%, avançando lentamente devido a considerações mercadológicas. Essas nuances destacam a complexidade do cenário agrícola e comercial da soja na temporada atual. “Então essa safra, como até a safra anterior a gente teve aí um perfil bastante diferente do que normalmente acontecia nas últimas aí cinco safras no estado, que você normalmente largava a safra com  comercializações futuras acima de 20% da produção estimada” complementa o analista.