Os preços do leite pago ao produtor seguem em queda em novembro. No Rio Grande do Sul o preço médio fica em torno de R$ 2,56 por litro, queda de 8,94%. A baixa foi de 5,67% em Santa Catarina ficando em R$ 2,72 e de 8,8% no Paraná fechando a R$ 2,75 o litro, de acordo com informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
No Brasil, o preço de referência gira em torno de R$2,84, baixa de 6,55%. “O preço do leite caiu super precocemente esse ano. O consumidor já estava pagando caro no mercado e a nossa remuneração continuava lá embaixo. Com a redução do preço do leite em agosto, setembro e outubro, quase não há lucros”, informa o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang.
O produtor de leite, especialmente o gaúcho, está há três anos sofrendo com estiagem, uns mais, outros menos. Com esse problema microrregional o produtor teve que fazer escolhas duras como: optar entre comprar comida, fazer um empréstimo, ou vender as vacas.
Marcos Tang
A atividade leiteira é uma atividade de médio e longo prazo. “Uma bezerra nascendo hoje, mesmo que criada com boa nutrição, água, boa sanidade, bem-estar animal, ela vai dar algum retorno em meados de novembro de 2024, ou seja, 24 meses de investimento. Mas quando vamos vender nosso produto, nós não vendemos, nós entregamos. Nós vamos saber o preço do litro de leite entregue, que saiu hoje de manhã da propriedade, somente daqui a 15 dias, o que antes eram 30 dias. Então, como fazer previsões e investimentos?”, questiona Tang.
“A vaca não vive de fotossíntese, o custo de um litro de leite é alto”
Nos últimos dois anos 22 mil famílias pararam de produzir leite. “Quando eu assumi a Gadolando, haviam 150.000 produtores que entregavam leite, hoje são 60.000 produtores”, destaca. Os custos e a dificuldade de investimento são entraves para produtores de leite. Quem continuou na atividade, se especializou e investiu, aumentando a produção. “Porém, mesmo os grandes produtores estão tendo dificuldades, não só pelas estiagens dos últimos anos, mas também pelo mercado que não aceita abaixar seu lucro”, frisa Tang.
O mercado é selvagem, o produtor e consumidor são vítimas. O leite é um produto extremamente perecível, então o produtor perde o poder de barganha, tendo que aceitar o que a indústria pode pagar. Já o mercado/varejo está muito mais estruturado do que a indústria, por isso eles conseguem barganhar melhor o preço.
Marcos Tang
Com as condições climáticas não ajudando, ficou tudo muito difícil e mais caro produzir esse ingrediente. “Não queremos prejudicar o consumidor, mas quando há promoção no mercado, com certeza o produtor está pagando o preço por isso”, finaliza Tang.