A expectativa para o início de 2024 no mercado de leite aponta para um cenário oposto ao observado no primeiro semestre de 2023. Enquanto nesse período do ano passado houve uma queda na produção brasileira de leite no primeiro trimestre, seguida por um forte crescimento no segundo trimestre, a situação agora é diferente.
O início de 2024 se desenha com uma desaceleração na produção de leite, resultado da queda significativa na rentabilidade dos produtores ao longo de 2023, evidenciada pelo indicador Receita Menos Custo da Alimentação (RMCA), que mostra níveis bastante discrepantes entre o primeiro e o segundo semestre do ano.
Além da perda de rentabilidade, fatores estruturais, como a redução no número de produtores e de vacas em produção, devem impactar os volumes produzidos no começo de 2024. O cenário climático também apresenta desafios, com o forte El Niño afetando a produção de milho para silagem no sul do país e a oferta de milho grão em todo o mercado, devido a atrasos no plantio da safra de verão, especialmente no Centro-Oeste.
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Quanto às importações, espera-se que os volumes no primeiro semestre de 2024 sejam menores do que no mesmo período de 2023, apesar de permanecerem em níveis elevados. Fatores relacionados às condições de produção no Uruguai e na Argentina, juntamente com questões econômicas na cadeia láctea argentina, geram incertezas sobre as exportações para o Brasil em 2024.
Em resumo, prevê-se uma menor produção e possivelmente menores importações de lácteos no primeiro semestre de 2024 em comparação com 2023, resultando em disponibilidade per capita inferior. Ao mesmo tempo, a demanda no início de 2024 deve ser diferente da observada no começo de 2023, com preços no varejo iniciando o ano em patamares mais baixos.
Entretanto, o ambiente econômico apresenta indicadores favoráveis, como menores taxas de juros e redução da taxa de desemprego, refletindo nos volumes de venda de lácteos no varejo. Após um início de 2023 com queda nas vendas em relação ao ano anterior, os volumes de diversas categorias de lácteos têm apresentado recuperação, tendência que deve se manter no início de 2024.
Diante desse cenário, é esperada uma resposta mais ágil nos preços pagos ao produtor de leite, algo que, segundo o Cepea, já começou no pagamento de dezembro/2023, referente ao leite de novembro/2023, um efeito incomum para esse período do ano.
Embora muitos desafios ainda estejam presentes, como limites no aumento de preços e o cenário das importações, é importante manter o otimismo para 2024, considerando a perspectiva de recuperação do consumo de lácteos, algo que não se observa desde 2015 no mercado brasileiro.
Informações do Milk Point
