Mercado

Preços recordes do frete na colheita de soja deste ano

O transporte do milho na rota Toledo - Passo Fundo no RS teve incremento de 17% nos fretes. As operações envolvendo soja com destino a Paranaguá apresentaram redução de 31%, partindo de Cascavel e Ponta Grossa.

O escoamento da soja brasileira, que normalmente toma conta dos serviços de frete nos períodos de colheita, desta vez eleva os preços do transporte a níveis recordes. As cotações para a movimentação de grãos em Mato Grosso, maior estado produtor da oleaginosa, alcançaram os valores mais altos na série histórica em janeiro, e devem atingir patamares ainda maiores neste mês de fevereiro. As informações são do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado na última sexta-feira (18).

Com o registro de 2,45 milhões de toneladas em exportações apenas em janeiro deste ano, a soja alcançou valor recorde também de receita, chegando a US$ 1,24 bilhão no último mês. “As informações do mercado indicam uma demanda mundial crescente pela oleaginosa, em virtude da retomada da produção e do consumo de proteína animal no mundo, o que indica redução da relação estoque/consumo de soja em grãos em 2022”, afirma o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth. “E as exportações brasileiras em janeiro de 2022 foram históricas tanto em receita quanto em embarques para este período do ano”.

De acordo com a pesquisa mensal realizada pela Conab para monitorar as rotas mais relevantes de corredores logísticos com origem nos estados produtores, o preço de frete praticado em Mato Grosso aumentou 41% nos percursos de Querência/MT para Araguari/MG e Colinas/TO em relação a janeiro do ano passado, chegando ao valor de R$ 270 por tonelada. Entre os trajetos realizados, a mais cara é de Campo Novo/MT para o porto de Santos/SP, cotada em R$ 430/t (aumento mensal de 10% e de 33% em relação a jan/21).

Em Goiás, que passou a ser o segundo maior produtor de soja nesta safra, após a quebra registrada nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná, a antecipação ainda em janeiro da colheita da soja nos principais municípios fez aumentar a demanda por caminhões, marcando o reinício das atividades com forte movimentação dos grãos. A rota mais cara no período de janeiro foi a de Rio Verde/GO para Imbituba/SC, cotada em R$ 250,50, aumento de 6% em relação a dez/21. Em termos percentuais, a elevação maior foi no trecho de Bom Jesus de Goiás para São Simão/GO, que passou de R$ 67,50 para R$ 92, um incremento de 36% no total.

Paraná

As lavouras paranaenses foram bastante prejudicadas pela estiagem, principalmente nas regiões oeste e sudoeste, e a quantidade dos grãos para embarque está sendo menor que o esperado, razão pela qual os valores de frete diminuíram na maioria das rotas analisadas. A expectativa inicial de boas produtividades foram completamente modificadas, refletindo o efeito das condições climáticas adversas, provocadas pelo fenômeno “La Niña”. A produção de soja, que na safra anterior atingiu 19.880 mil toneladas, nesta na recente divulgação realizada pela Conab foi fixada em 13.048 mil, redução de 34,4%.

Com relação ao milho de primeira safra, na safra anterior foram produzidas 3.124 mil toneladas, e agora, 2.702, isto é, redução de 13,5%. Os reflexos desse quadro transpareceram nos valores dos fretes. O transporte do milho na rota Toledo – Passo Fundo no RS teve incremento de 17% nos fretes. As operações envolvendo soja com destino a Paranaguá apresentaram redução de 31%, partindo de Cascavel e Ponta Grossa.

Boletim

O Boletim Logístico da Conab aponta ainda os dados coletados sobre os valores de frete nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Distrito Federal, além dos quantitativos comercializados nos principais portos exportadores. Nesta edição, o estudo traz também informações sobre as importações brasileiras de adubos e fertilizantes, que no mês de janeiro foram bastante influenciadas pelas tensões geopolíticas entre Rússia e Ucrânia.

Confira a análise completa do Boletim Logístico – Fevereiro/2022, disponível no site da Companhia.