Juliana Pila – editora-chefe da área de pecuária de leite e da Carta Leite da Scot Consultoria
No mercado do leite é comum o período de safra e entressafra de matéria-prima (leite cru). Esses são os períodos de maior e menor disponibilidade de leite, e que, consequentemente determinam a oscilação dos preços ao longo do ano, que chamamos de sazonalidade.
O período de safra no Brasil começa em setembro/outubro, quando tem início o período das chuvas, e se estende até março/abril, quando a disponibilidade e qualidade das pastagens estão melhores, enquanto a entressafra ocorre por volta de abril a setembro. Este comportamento é observado no Brasil Central e na região Sudeste do país.
Por outro lado, a região Sul, que lidera a produção de leite no país, apresenta um movimento diferente, em função das pastagens de inverno nos meses que antecedem a semeadura da safra de grãos e que contribuem com o aumento da produção de leite. A produção nos estados do Sul se intensifica entre maio/junho/julho, atingindo o pico em agosto/setembro e depois começa a cair.
Ou seja, conforme a oferta aumenta na média Brasil os preços tendem a cair e o contrário também acontece.
A crescente relevância do Sul na produção nacional de leite tem sido um dos fatores que tem contribuído para modificar esse padrão da sazonalidade. Além disso, o fornecimento da alimentação aos animais e o tipo de sistema de produção, entre outros fatores da atividade leiteira tendem a minimizar o impacto do clima.
O movimento, tanto de mercado (preços) como da produção de leite, pode não se repetir em todos os anos, devido às variáveis produtivas (efeitos climáticos) e de mercado (oferta x demanda), como observamos em 2023.
No entanto, ainda para o final de 2024, a expectativa é que a curva apresentada seja semelhante ao histórico, podendo mudar apenas a amplitude.
Fonte: Scot Consultoria