por Felipe Fabbri – analista de mercado da Scot Consultoria
Os preços do milho no mercado doméstico estão firmes, com a cotação, em Campinas-SP, em seu maior patamar no ano – R$74,86/saca de 60kg. Na primeira quinzena de novembro, os preços subiram 3,0% e, em trinta dias, a referência subiu 10,4%.
O que tem sustentado os preços do milho?
No Brasil, a semeadura da safra de verão avança bem – com ritmo em linha com a da safra anterior. Apesar do bom ritmo, há incertezas quanto à oferta na primeira safra – o clima está desfavorável nos principais estados produtores (Rio Grande do Sul e Paraná), com excesso de chuvas em algumas regiões.
Além das incertezas a respeito da safra de verão, a segunda safra também tem preocupado. Com chuvas irregulares no Brasil Central e no MATOPIBA até a primeira quinzena de outubro, a janela para a semeadura da segunda safra poderá ficar fora do adequado segundo o (ZARC) para a cultura – podendo diminuir a produtividade e apertar o quadro de oferta no Brasil.
No mercado internacional, a colheita da safra 2024/25 nos Estados Unidos está com ritmo acelerado e com uma boa projeção de oferta para o país, mas, mesmo com o avanço da colheita norte-americana e a maior oferta no mercado internacional, a demanda no Brasil está aquecida e tem sustentado os preços.
A exportação brasileira está melhor nos últimos meses – desde julho/24, registrando crescimento nos volumes mensais, apesar de menores que os registrados em 2023.
E, além do setor exportador, o período está marcado pelo incremento no alojamento de aves e suínos para atendimento das programações de festividades de final de ano, sendo este um dos principais momentos de demanda pelas agroindústrias brasileiras para o milho.
Some-se ao contexto a demanda pelas usinas de etanol de milho, que cresceu em 2024, o resultado é de preços firmes e uma expectativa de estoques finais menores na safra 2023/24, até a chegada da safra de verão 2024/25.
Milho e a relação de troca com fertilizantes
Apesar da alta no dólar, a demanda mais comedida no mercado de fertilizantes pressionou os preços em outubro, frente a setembro, e o movimento baixista persistiu na primeira quinzena de novembro.
Com os preços do milho em alta e o de boa parte dos principais grupos de fertilizante em baixa, a relação de troca, medida em quantidade de sacas necessárias para a aquisição de uma tonelada de fertilizante, melhorou na comparação mensal e anual.
O momento está interessante para o produtor que ainda detém milho armazenado da última safra e não adquiriu os insumos para o preparo do solo na segunda safra 2024/25.
Expectativas para o preço do milho em curto prazo
Em curto e médio prazos, os preços do milho deverão trabalhar firmes. Com a demanda aquecida, estoques finais menores e incertezas quanto à oferta para a próxima safra, o mercado deverá apresentar maior volatilidade e com maior atenção de seus agentes.
No Brasil, os contratos futuros do milho na B3 estão indicando trajetória de estabilidade à alta para as cotações até março/25.
Fonte: Scot Consultoria