Mercado

Gado confinado cresce no Brasil com expectativa de rentabilidade do primeiro giro neste ano

Esse resultado foi reflexo da atratividade do setor em função das altas nos preços do boi gordo, embora não tenha ocorrido trégua por parte dos custos de produção.

O confinamento de gado teve crescimento de 25,8% em 2021 frente a 2020. Esse resultado foi reflexo da atratividade do setor em função das altas nos preços do boi gordo, embora não tenha ocorrido trégua por parte dos custos de produção.

O levantamento feito pela Scot Consultoria em 191 propriedades de gado confinado no Brasil, aponta rentabilidade no primeiro giro neste ano e reforça que o planejamento da atividade é fundamental para antecipar os movimentos de altas e baixas de preços e garantir bons resultados econômicos.

“Em confinamentos, os resultados positivos estão diretamente relacionados a uma boa compra do boi magro e/ou dos insumos. A volatilidade de preços no mercado tem feito cada vez mais parte do dia a dia do pecuarista. Em meio a esse cenário, a proteção dos preços de venda é fundamental para o pecuarista que conhece os seus custos e queira permanecer na atividade em longo prazo”, informam os pesquisadores Alcides Torres e Thayná Drugowick.

Insumos

As expectativas positivas para os grãos na temporada 2021/22, que se tinha na reta final de 2021, mudou em meio à quebra de produtividade das lavouras na safra de verão, causada pela forte estiagem no Sul do Brasil.

Assim, a saca de 60 quilos de milho em Campinas-SP chegou a R$107,50/saca em 15 de março. Por sua vez, a soja, tendo como referência a praça de Paranaguá-PR, chegou a ser negociada a R$205,00/saca no mesmo período.

O cenário atual é de preços frouxos para os grãos, em função da queda do dólar e incremento na oferta.

Desde meados de março até 12 de abril, a saca de milho e soja, nas referências citadas acima, caíram R$17,50/saca e R$20,50/saca, respectivamente.

Em contrapartida, a saca de milho está 4,5% ou R$4,00/saca mais cara frente ao mesmo período no ano passado (13/04/2021), quando era negociada por R$88,00/saca. A soja, na mesma comparação, teve aumento de 6,3% ou R$11,00/saca.

Já a referência de preço para o boi magro, responsável por aproximadamente 70% do custo total do confinamento, caiu 4,5% no mesmo intervalo de doze meses, considerando São Paulo como referência.

Sob esse cenário estimamos a rentabilidade do primeiro giro dos confinamentos neste ano.

Alcides Torres e Thayná Drugowick

Estimativas

Estamos em plena entrada do primeiro giro de confinamento, visando a venda da boiada até julho. “Com isso, fizemos uma simulação de um sistema de engorda em confinamento em São Paulo, com a entrada da boiada em meados de abril, duração de 90 dias de confinamento, ganho de peso diário de 1,6 quilo e rendimento de carcaça de 56%”, explicam os pesquisadores.

Na simulação foi considerada uma diária média de R$20,50/cabeça e o preço de aquisição do boi magro em R$4,2 mil por cabeça. Com a venda para o frigorífico em meados de julho. “Com isso foi utilizada a cotação do contrato futuro de boi gordo na B3, que se refere ao mercado paulista, com vencimento em julho/22. A cotação é de R$328,20/@, no fechamento de 12/4/2022”, informam.

Confira na tabela abaixo os parâmetros utilizados e a estimativa de resultado por bovino confinado no primeiro giro em 2022.

Tabela 1. Estimativa de resultado econômico da engorda de bovinos no primeiro giro de confinamento em São Paulo em 2022.


Fonte: Scot Consultoria

No cenário apresentado e sem considerar quaisquer mecanismos de trava ou proteção de preços, levando em consideração somente custo nutricional, o resultado previsto é de um lucro de R$130,41 por cabeça confinada.

Dessa forma, considerando o segundo giro do confinamento (entrada dos animais em julho/agosto e saída em outubro/novembro), uma melhoria nos resultados financeiros da atividade estaria relacionada a uma alta nos preços da arroba ao longo dos próximos meses; somada às expectativas positivas para a produção de milho de segunda safra, que podem dar um ligeiro alívio no preço do cereal e dar oportunidade de compra a preços menores.

Contudo, vale pontuar o conflito entre a Rússia e Ucrânia, que poderá impactar nas cotações dos grãos e elevar a demanda pelo cereal brasileiro, tendo em vista a importância da Ucrânia no mercado mundial de milho.

Com informações da Scot Consultoria