A exportações do agronegócio gaúcho cresceram 65,9% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado foi influenciado, principalmente, pelos recordes nas safras de trigo e soja registrados em 2021, sendo que os dois produtos foram os principais responsáveis pela alta das vendas. Em números absolutos, entre janeiro e março, o Estado exportou um total de US$ 3,4 bilhões, isto é, US$ 1,3 bilhão a mais em relação a 2021.
Apenas o complexo soja apresentou elevação de 144,2% nas vendas, atingindo US$ 770,5 milhões. Cereais, farinhas e preparações cresceram ainda mais, 201,4%, alcançando US$ 737,9 milhões. Além disso, também se destacam as carnes, com crescimento de 7,5%, fumo e seus produtos, de 37,4%, e produtos florestais, com alta de 24,6%.
A União Europeia superou a China no período e recebeu 19,8% das exportações gaúchas. O país asiático vem na segunda posição, com 17,7%, seguido da Arábia Saudita (5,1%), Indonésia (4,7%) e Estados Unidos (4,7%).
As informações sobre as vendas externas do setor em 2022 foram divulgadas na manhã desta quarta-feira (11) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG) no boletim “Indicadores do Agronegócio do RS”. Elaborado pelos pesquisadores Sérgio Leusin Jr. e Rodrigo Feix, o documento contempla ainda os dados sobre o emprego formal no campo nos três primeiros meses do ano.
Cereais
No setor de cereais, farinhas e preparações, a alta nos números se deve à elevação nas vendas de trigo, que apresentaram crescimento de 383,6% e superaram os US$ 470,2 milhões. O volume exportado do cereal no primeiro trimestre chegou a 1,97 milhão de toneladas, o maior de toda a série histórica iniciada em 1997. Com demanda em alta e oferta limitada, os preços médios do produto subiram 39,3% em relação ao mesmo período de 2021. “A partir de março, com o avanço da ofensiva russa na Ucrânia e a consequente restrição de oferta no Mar Negro, as cotações voltaram a subir rapidamente, favorecendo ainda mais as exportações do RS, que colheu uma safra recorde em 2021”, destaca Sérgio Leusin Jr.
Complexo soja
No complexo soja, o aumento foi puxado pelo farelo (US$ 376,3 milhões; +99,2%), grão (US$ 259,7 milhões; +128,3%) e óleo (US$ 134,5 milhões; +949,6%). A alta na oferta ainda é proveniente da safra recorde colhida no Estado em 2021, que chegou a 20,4 milhões de toneladas. Para o restante do ano, no entanto, o documento alerta para a queda nas exportações totais para o ano. Isso se deve à quebra de 54,8% na safra 2021/2022, decorrente da estiagem, e a possível menor demanda chinesa pela oleaginosa.
Carnes
No setor de carnes, a carne suína foi o produto com a maior redução absoluta no período, com queda de 37,7%. A baixa era esperada, conforme o boletim, por conta da recuperação do rebanho chinês após o surto de peste suína africana, que em 2019 dizimou grande parte dos animais. “Apesar do resultado positivo no valor exportado pelo setor, esse trimestre confirma o fim de um ciclo de 10 trimestres consecutivos com taxas positivas de crescimento no volume embarcado”, afirma Leusin Jr.
Já as carnes de frango apresentaram elevação das vendas de 23,8%, totalizando US$ 313,8 milhões, e a bovina de 48,8%, chegando a US$ 100,1 milhões. Os números são resultado da maior demanda dos Estados Unidos e da China.
Fumo e seus produtos
No setor de fumo e seus produtos, o trimestre marcou o maior volume exportado de toda a série histórica, com 147,3 mil toneladas, uma alta de 29,3% em relação ao mesmo período de 2021. Principal produto do segmento, o fumo não manufaturado registrou vendas de US$ 461,7 milhões entre janeiro e março, alta de 40,4% na comparação com os três primeiros meses do ano passado.
Emprego formal
O primeiro trimestre em 2022 registrou um saldo positivo de 21.291 empregos formais no estado. Tradicionalmente, este é o período de mais contratações no ano. A diferença entre o número de admissões e de desligamentos no período ficou pouco abaixo do observado no mesmo período do ano anterior (26.473). Entre janeiro e março, o agronegócio foi o responsável por 37,8% do saldo de empregos gerados no Rio Grande do Sul.
Entre os tradicionais segmentos do agronegócio, o setor conhecido como “depois da porteira”, formado especialmente por atividades agroindustriais, liderou a criação de postos, com um saldo de 14.131 vagas, puxado pela fabricação de produtos do fumo (9.909 vagas). Na indústria de abate de carnes, principal setor empregador do agronegócio gaúcho, o estoque de empregos formais em março de 2022 era de 66.842 vagas, contra 68.011 postos no mesmo mês do ano anterior.
No segmento “dentro da porteira”, de atividades agropecuárias, o saldo de 5.478 postos teve como destaque as atividades de colheita da maçã, tradicional do período nas regiões da Serra e dos Campos de Cima da Serra.
E no segmento “antes da porteira”, das atividades dedicadas ao fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos, o saldo positivo foi de 1.682 empregos com carteira assinada nos três primeiros meses do ano.
“Desde o terceiro trimestre de 2020, a produção nacional de máquinas agrícolas está em recuperação, após ser gravemente afetada nos primeiros meses da pandemia. O avanço na produção de grãos no país e as ótimas margens de rentabilidade das duas últimas safras estão sendo importantes fatores de estímulo para a aquisição de novos maquinários”, avalia Rodrigo Feix.
Com informações da Ascom SPGG