As exportações da piscicultura brasileira continuam crescendo fortemente. De acordo com boletim periódico elaborado pela Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR). Em 2021 o país exportou em dinheiro 78% a mais que em 2020, foram U$ 20,7 milhões contra U$ 11,7 milhões. E em quantidade o crescimento foi de 49%, atingindo 9,9 mil toneladas, frente a 6,7 mil toneladas no ano anterior.
“Esse forte aumento das exportações verificado em 2021 reflete uma tendência de crescimento que vem acontecendo nos últimos anos. Particularmente em 2021, houve uma influência do dólar valorizado e também uma retração da demanda no mercado interno, o que fez com que algumas empresas orientassem suas vendas para o exterior”, explica pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura na área de economia aquícola, Manoel Pedroza.
Comparando-se os dois crescimentos – 78% no volume em dinheiro e 49% na quantidade –, percebe-se que o valor médio do peixe brasileiro exportado foi maior ano passado do que em 2020. Segundo Manoel, “isso se deu principalmente devido ao crescimento das vendas de filés congelados, que aumentaram 573% em 2021. Esse produto possui o segundo maior valor agregado entre os produtos da piscicultura, após os filés frescos”.
Os principais destinos do peixe brasileiro exportado em 2021 foram os Estados Unidos (com 64% de participação), a Colômbia (com 9%) e a China (com 8%). Ou seja, esses três países foram responsáveis por importar 81% do peixe que o Brasil vendeu para o exterior no ano passado. Detalhando as exportações para os Estados Unidos, as principais categorias foram peixes inteiros congelados (com U$ 6,2 milhões), filés frescos ou refrigerados (com U$ 5 milhões) e filés congelados (com U$ 2 milhões).
A liderança dos Estados Unidos parece incontestável e dificilmente mudará, na visão do pesquisador: “Apesar de haver uma tendência de diversificação dos destinos, é pouco provável que isso (alteração no principal comprador) aconteça no médio prazo. A reabertura do mercado europeu, fechado para as exportações brasileiras de pescado desde 2018, será fundamental para a ampliação dos destinos”.
Tilápia segue protagonista
A tilápia permanece como a espécie mais exportada pelo país, assim como lidera a produção nacional. Em 2021, foram 8,5 mil toneladas exportadas, gerando um volume de U$ 18,2 milhões. Em valores financeiros, a espécie respondeu por 88% das exportações brasileiras de peixes em 2021. No segundo lugar, estão os curimatás, com 9% e U$ 1,8 milhão.
Com relação às categorias de produto de tilápia exportadas, as principais foram o peixe inteiro congelado (com U$ 6,7 milhões) e o filé fresco ou refrigerado (com U$ 5,4 milhões). Juntas, as duas categorias responderam por 67% do volume financeiro movimentado pela tilápia brasileira no exterior no ano passado.
Os preços médios por kg dessas duas categorias foram, respectivamente, U$ 2,18 no terceiro trimestre e U$ 2,36 no quarto trimestre na tilápia inteira congelada e U$ 6,81 em ambos os trimestres no filé fresco ou refrigerado. Esse último produto é o que conseguiu maior preço no período.
O Mato Grosso do Sul, com 37% do volume financeiro movimentado, e o Paraná, com 34%, foram os principais estados exportadores de tilápia no ano passado. E as categorias de produto mais exportadas por eles foram os filés frescos ou refrigerados no caso do MS e os peixes inteiros congelados no caso do Paraná.
Publicação trimestral
Os números divulgados pelo Informe do Comércio Exterior têm como fonte o Comex Stat, portal do Ministério da Economia que divulga estatísticas relacionadas a comércio exterior. Editado a cada três meses, o informativo começou no início de 2020 e já cobre dois anos completos, incluindo 2021. Esta é a oitava edição.
A publicação é resultado do BRS Aqua, o principal projeto da Embrapa na área de aquicultura, e compõe o Centro de Inteligência e Mercado em Aquicultura (CIAqui), também resultado do mesmo projeto. O BRS Aqua envolve mais de 20 Unidades e cerca de 270 empregados da Embrapa, além de bolsistas. Destacam-se o forte caráter estruturante do projeto (por meio dele, a empresa está aumentando sua infraestrutura de pesquisa em aquicultura) e a formação de recursos humanos especializados em aquicultura, sobretudo em função das bolsas disponibilizadas.
Tem três fontes de financiamento: o Fundo Tecnológico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Funtec / BNDES); a Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP / Mapa), cujo recurso está sendo operacionalizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e a própria Embrapa.
A liderança do BRS Aqua está a cargo das pesquisadoras Lícia Lundstedt, da Embrapa Pesca e Aquicultura (que também é chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento desta Unidade), e Angela Furtado, da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro/RJ).