Mercado

Exportação brasileira de bovinos vivos caiu nos últimos 5 anos

A exportação caiu, em função da elevação do frete marítimo, principal via de transporte de bovinos em pé (mais de 99% da exportação).

Artigo do engenheiro agrônomo Alcides Torres, da zootecnista Marina Mioto e da tecnóloga em Biocombustíveis Nicole Santos

O Brasil é um dos mais importantes produtores mundiais de carne bovina e detentor do maior rebanho comercial do mundo, equivalente a 224,6 milhões de cabeças. Em 2022, a União Europeia, México, Canadá, Austrália, Estados Unidos e Brasil, responderam por 91,88% da exportação de bovinos (figura 1).

A exportação brasileira representa 3,78% do mercado mundial e ao considerar apenas os países citados, corresponde a 4,11% do mercado.

Figura 1. Principais exportadores de bovinos em pé em 2022, em mil cabeças.

Fonte: USDA / Elaborado por Scot Consultoria
*Outros: Argentina, Egito, Índia, Japão, Coreia do Sul, Reino Unido, China, Rússia, Ucrânia, Uruguai e Nova Zelândia.

Nos últimos 5 anos, a exportação brasileira caiu. Em 2021, foi o menor patamar e retomou o crescimento em 2022, embarcando 195 mil cabeças (Secex).

O Pará é o principal exportador seguido por Rio Grande do Sul e São Paulo. Juntos, representaram 88,4% do volume embarcado em 2022, correspondendo a 67,8 mil toneladas de bovinos em pé e a um faturamento de US$168,5 milhões (87,7% do total). 

Tabela 1. Desempenho na exportação de gado em pé, por estado, em 2022.

Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria
* Não declarada: Referente aos embarques sem nota fiscal apresentada até o momento.

Queda nos embarques

A exportação caiu, em função da elevação do frete marítimo, principal via de transporte de bovinos em pé (mais de 99% da exportação), fato que fez com que os países importadores preferissem comprar de regiões próximas.

Contribuiu também para essa queda, o aumento nos preços dos insumos, como milho e soja, que mexeu com o custo de produção e, consequentemente, no aumento da cotação da arroba do boi.

Em 2021, a demanda pelo gado brasileiro caiu devido à pandemia de covid-19 e às restrições nos países compradores. Em 2022, houve um incremento no volume exportado em 212,8% frente a 2021. Veja na figura 2.

Figura 2. Cabeças de bovinos exportadas pelo Brasil nos últimos cinco anos, em mil cabeças.

Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria

Até 2014, a Venezuela era o maior importador do gado brasileiro e diminuiu drasticamente a importação por conta da crise econômica que assolou o país nos últimos anos.

Os principais importadores de bovinos do Brasil são os países do Oriente Médio. No último ano, Iraque, Turquia e Jordânia representaram 63% desse mercado (figura 3). O faturamento foi de US$123,6 milhões, correspondendo a 124,5 mil cabeças. 

Figura 3. Principais países importadores de bovinos em pé do Brasil em 2022 (em número de cabeças).

Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria
*Outros: Congo, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai, Ilhas Marshall, EUA e Bangladesh.

Projeção para 2023

O mercado de bovinos vivos é promissor e a expectativa é de crescimento, pois o rebanho brasileiro atende o que o comprador procura em qualidade, raça e quantidade. A expectativa é de que, em 2023, o Brasil exporte aproximadamente 207 mil bovinos, um aumento de 6,25% em relação a 2022.

Referências bibliográficas

Abiec, Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes

FAOSTAT, Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (sigla em inglês)

Secex, Secretaria de Comércio Exterior

Scot Consultoria, banco de dados

USDA, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (sigla em inglês)

Fonte: Scot Consultoria