Os preços do algodão em pluma se mantiveram firmes ao longo de todo o mês de novembro. Com o Indicador CEPEA/ESALQ renovando as máximas nominais da série histórica do Cepea por vários dias e chegando a operar acima da casa dos R$ 6,30/librapeso. Diante disso, os valores internos da pluma acumulam alta pelo quinto mês seguido.
O suporte veio da posição firme de vendedores, da elevação da paridade de exportação e do alto patamar do preço externo. Como a maioria dos cotonicultores brasileiros indica estar com boa parte da produção 2020/21 já comprometida, estes agentes priorizaram os embarques dos contratos a termo aos mercados interno e externo.
Comerciantes, por sua vez, adquiriram lotes para atender a suas programações e/ou realizaram negócios “casados”. Alguns compradores ainda buscaram garantir a pluma para entrega ao longo de 2022; contexto que elevou a liquidez de contratos a termo envolvendo as safras 2020/21 e 2021/22.
Ainda do lado comprador, parte das indústrias se manteve recuada, trabalhando com a matéria-prima já contratada e/ou em estoques. Algumas unidades, contudo, necessitavam repor estoques para atender a necessidades imediatas, e esses agentes acabaram cedendo nos valores pagos para conseguir efetivar novas aquisições, sobretudo quando envolveram a pluma de melhor qualidade. Vale considerar que muitas empresas alegaram dificuldades no repasse dos elevados preços da matéria-prima no spot nacional aos manufaturados.
Nesse cenário, no acumulado de novembro, o Indicador CEPEA/ESALQ subiu 5,25%, fechando a R$ 6,2602/lp no dia 30; sendo que, no dia 26, atingiu R$ 6,3389/lp, recorde nominal da série histórica do Cepea.
A média do mês, de R$ 6,1111/lp, foi um recorde nominal, sendo 3,64% acima da de outubro/21 e 56,57% maior que há de um ano. Em termos reais, a média mensal do Indicador ficou 32,84% superior à de novembro/20 e foi a maior desde abril/11, quando esteve em R$ 8,3678/lp (os valores foram deflacionados pelo IGPDI, base em outubro/21). Além disso, o preço no Brasil esteve, em média, 1% inferior à paridade de exportação em novembro.
Mercado internacional
Entre 29 de outubro e 30 de novembro, o dólar se desvalorizou apenas 0,02% frente ao Real, fechando a R$ 5,647 no dia 30. Já o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) subiu 2,79% no mesmo período, a US$ 1,2330/lp no dia 30. Assim, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) avançou 2,81%, a R$ 6,0963/lp (US$ 1,0796/lp) no porto de Santos (SP) e a R$ 6,1068/lp (US$ 1,0814/lp) no de Paranaguá (PR).
Na Bolsa de Nova York, entre 29 de outubro e 30 de novembro, o vencimento Dez/21 se desvalorizou 2,79%, fechando a US$ 1,1165/lp no dia 30, e o contrato Mar/21 caiu 4,32%, indo para US$ 1,0641/lp. O contrato Maio/22 recuou 4,61% no mesmo período, a US$ 1,0461/lp, e o Jul/22, 5,18%, a US$ 1,0216/lp.
Exportação
As exportações de algodão em pluma somaram 166,35 mil toneladas em 19 dias úteis de novembro; volume 18,1% menor que o embarcado no mês anterior e 50,1% inferior ao de novembro/20. O faturamento em novembro somou US$ 290,05 milhões, quedas de 17% no comparativo mensal e de 42% no anual. Em moeda nacional, o faturamento chegou a mais de R$ 1,6 bilhão, considerando-se a média do dólar a R$ 5,5589.
O preço de exportação de novembro esteve em US$ 0,7909/lp (R$ 4,3965/lp), altas de 2,1% frente ao de outubro/21 e de 19,1% em relação ao de novembro/20. Dessa forma, por mais um mês, os valores embarcados ficaram inferiores ao praticado no spot nacional, representado pelo Indicador (-28,1%).
Cotton Outlook
O Cotton Outlook, em relatório divulgado no dia 26 de novembro, indicou produção mundial da safra 2021/22 em 26,04 milhões de toneladas, aumento de 8% frente à anterior (24,1 milhões de toneladas). Espera-se que a produção do Brasil seja de 2,8 milhões de toneladas, 19% maior que a da temporada 2020/21 (2,36 milhões de toneladas).
Já o consumo mundial de algodão em pluma deve crescer 3% em 2021/22, para 26,15 milhões de toneladas, ficando ligeiramente maior que a oferta (+0,42%). Para o Brasil, especificamente, o consumo está estimado em 725 mil toneladas na temporada 2021/22, acima das 675 mil toneladas da safra passada (+7%).
Caroço
Ao longo de novembro, compradores estiveram cautelosos para novas aquisições de caroço de algodão, diante dos elevados preços pedidos por vendedores no spot; e também de receios relacionados aos repasses do custo da matéria-prima ao farelo e à torta. Pecuaristas também limitaram as aquisições de caroço, devido à melhora nas condições das pastagens com as recentes chuvas; e aos preços mais competitivos de outros produtos utilizados na alimentação animal, como o farelo de soja.
Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em novembro/21 em Lucas do Rio Verde (MT) foi de R$ 1.392,8/t, recuo de 6,9% em relação ao mês anterior. Mas, elevação de 0,8% sobre o de novembro/20 (R$ 1.381,27/t); em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de outubro/21. No município de Campo Novo do Parecis (MT), a média caiu 0,2% na variação mensal. Mas subiu 12,5% na anual, indo para R$ 1.585,42/t em novembro/21.
Em Primavera do Leste (MT), a média de novembro foi de R$ 1.518,39/t, baixa de 8% frente à de outubro/21; mas elevação de 3,2% em relação à de novembro/20. E em São Paulo (SP), a média caiu 8,8% na variação mensal, mas subiu 9,8% na anual, indo para R$ 1.795,8/t em novembro/21.
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