Mercado

Abate de fêmeas dita a regra após suspensão da exportação para a China

De acordo com o Ministério da Agricultura, a vaca louca é uma doença degenerativa e fatal do sistema nervoso central de bovinos.

Com a confirmação de que o caso isolado de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecido também como “mal da vaca louca”, é atípico tipo H, o governo federal brasileiro já está em contato com o governo chinês para retomar as exportações da carne bovina o mais breve possível. De acordo com o Ministério da Agricultura, a vaca louca é uma doença degenerativa e fatal do sistema nervoso central de bovinos.

Vale ressaltar, que a China só importa bovinos com até 30 meses de idade já que a doença só atinge animais velhos, como no caso identificado em Marabá (PA), em um único animal de 9 anos de idade. “Esse protocolo precisaria ser mudado porque o Brasil cumpre o trato, mas não existe um prazo para a China voltar a importar. Então no primeiro caso em 2019, o retorno aconteceu em 13 dias, em 2021 levou quatro meses e agora já são mais de 10 dias após o anúncio do caso”, explica o analista de mercado da Scot Consultoria, Alcides Torres.

A exportação da proteína para o país asiático representa em torno de 60% do volume exportado pelo Brasil, por empresas como a Marfrig, JBS, BRF e Minerva. “Muitas delas acabaram direcionando a demanda que seria para o Brasil para outras plantas na Argentina ou no Uruguai. Isso, associado ao problema de oferta nos Estados Unidos (em torno de 10%), ainda que a gente tenha uma perda momentânea das exportações, essas empresas na prática não foram tão afetadas. Contudo, vale lembrar que com o embargo de quatro meses em 2021, muitas dessas empresas chegaram a cair mais de 10% no mercado de ações”, informa o educador financeiro, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, Idean Alves.

Sistema sanitário

A pecuária brasileira é reconhecida por adotar medidas de proteção à doenças como a vaca louca e a gripe aviária, portanto vários protocolos de segurança são adotados pelo setor. “No Brasil é proibido dar ração com qualquer resíduo de origem animal para ruminantes, por exemplo, farinha de osso, carne ou sangue e nem cama de frango pode ser oferecido aos bovinos. No país a gente sabe que grande parte do rebanho é produzida em pasto, por ser um sistema mais barato, com melhor bem-estar animal, e etc., tanto é que a classificação do Brasil com relação ao risco dessa doença é quase zero”, explica Torres.

Mercado

A cotação do boi, vaca e da novilha permaneceu estável na comparação feita dia a dia. No entanto, nota-se uma preferência para a compra e venda de fêmeas. “Nós observamos nos últimos dias que aumentou a oferta de fêmeas, isso porque o pecuarista prefere segurar o boi que vale mais por arroba. Contudo, se o produtor não precisar vender para pagar as contas, aproveitando o período de pastagens de inverno em março e abril, ele pode segurar as vendas e escapar desse momento de crise”, explica Torres.

Exportação de carne bovina in natura

Em fevereiro, foram exportadas 7.025,0 toneladas/dia de carne bovina in natura, ou seja, 15,8% a menos do que no mesmo período de 2022. Ainda assim, está 19,2% melhor que os resultados da primeira quinzena do mês. De acordo com o analista da Scot Consultoria, o cenário é reflexo de carne já certificada anterior ao embargo.

O preço pago por tonelada de carne exportada está em US$4.855,2. O faturamento foi de US$613,9 milhões, resultado 27% menor em relação a fevereiro do ano passado.

Fonte: Scot Consultoria