Gestão de risco em termos de eficiência foi um dos principais fatores abordados no Painel “Oportunidades e desafios no agro: movimentos e situações importantes para o empresário rural”, realizado nesta quarta-feira, 15 de fevereiro, dentro da programação de palestras da 33ª Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas. A moderação foi do vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Roberto Fagundes Ghigino.
O palestrante José Carlos de Lima Júnior, sócio-diretor da consultoria Markestrat, doutor pela FEA/USP e especialista em estratégia de negócios no Agro, mostrou como as diversas ocorrências externas chegam no campo do Brasil já a partir deste ano e quais oportunidades e desafios trazem. Segundo ele, pandemia, juros americanos, China, frete marítimo, entre outros fatores, vão significar uma gestão de risco nos negócios. “Um dos desafios que os empresários estarão convivendo em 2023 e levando talvez para 2024, é o financeiro que tem a ver com inflação nos custos de produção. O problema imediato é a queda no poder de compra , além do aumento no custo dinheiro devido à alta taxa de juros”, observou.
De acordo com Júnior, com um desafio financeiro de um lado e do outro o desafio das empresas com o custo de produção e um estado com pouco poder de manobra devido aos endividamentos, o produtor rural terá que, efetivamente, rever a eficiência do seu negócio. “O produtor terá que rever investimento e tentar buscar eficiência com aquilo que já tem instalado. Quando o mercado para de comprar em volume é natural que o preço comece a perder um pouco de força e, é nesse momento, que se percebe a importância em gerenciar as novas tecnologias, mas também melhorar a forma de fazer o nosso negócio, pois afinal é gestão de risco que temos que estar considerando”, explicou.
O especialista afirmou que em meio a tantas ocorrências no mercado, existem pontos de atenção. Colocou que um deles é o crédito que tende a ficar mais caro e, portanto, será preciso rever custos. Disse que também será necessário focar em eficiência, fazendo o planejamento em relação ao investimento versus tecnologia versus produtividade esperada. Júnior lembrou, ainda, a importância em rever o planejamento para fazer a produção. E sobre o que vai acontecer daqui para frente, salientou que o novo governo poderá abrir novos mercados, retomando negociações internacionais e criando oportunidades nacionais. “Mas precisamos continuar trabalhando com foco na eficiência”, reforçou.
Ao falar sobre gestão de risco em termos de eficiência, Júnior citou como exemplo a Índia que se tornou um dos maiores exportadores de cereais. Segundo explicou, o país aumentou a sua produtividade investindo na educação da força de trabalho. “ Hoje nós temos novas tecnologias, novos meios de produção e precisamos rever como isto pode melhorar o nosso negócio. “Eu particularmente vejo que momentos como esses são os melhores para olharmos como a nossa produção está ocorrendo. Primeiro, o mercado é demandante de alimento, então é preciso perguntar qual é a qualidade que eu produzo e para manter esta qualidade qual tipo de investimento preciso fazer. E, ainda, que novas tecnologias e meios de produção posso a vir a colocar com o conhecimento que está disponível nos dias atuais”, destacou.
Júnior finalizou a palestra enfatizando a aptidão que o Brasil tem em produzir alimentos, tornando-se um dos maiores produtores de alimentos do mundo. “Nós somos muito bons em produzir, mas estamos aprendendo a comercializar, a vender o nosso produto. Para vender bem é preciso saber quanto custa e para isso tem que ver qual a gestão estamos fazendo”, pontuou, lembrando também a aptidão do Rio Grande do Sul para a produção. “O Estado tem proximidade portuária, água e institutos que possibilitam aprendizagem rural”, concluiu.
A 33º Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas é uma realização da Federarroz, com a correalização da Embrapa e Senar/RS e patrocínio Premium do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Irga.