Eventos

Prevenção da resistência conta com uso correto de produtos e diversificação de estratégias de controle

Em comum a todas as apresentações, está o relacionamento dos casos de resistência ao uso inadequado de produtos químicos e cultivares Bt e a falta de rotação de mecanismos de ação.

Pesquisadores e especialistas apresentaram resultados de monitoramento e pesquisas ligadas à resistência de insetos, plantas daninhas e fungos aos mecanismos de ação em uso nas lavouras de Mato Grosso, durante o III Seminário Mato-grossense sobre Manejo de Resistência, realizado no auditório Cloves Vettorato, nesta terça e quarta-feira. Em comum a todas as apresentações, está o relacionamento dos casos de resistência ao uso inadequado de produtos químicos e cultivares Bt e a falta de rotação de mecanismos de ação.

Entre os equívocos que contribuem para a pressão de seleção que resulta em uma aceleração do surgimento de populações resistentes está o uso de doses menores do que as recomendadas pelos fabricantes dos produtos, a ausência de rotação de princípios ativos, o uso sucessivo dos produtos em uma mesma safra, a ausência de áreas de refúgio e a falta da adoção de estratégias complementares.

No caso das pragas, além da rotação de produtos químicos, os produtores contam com ferramentas alternativas como o controle biológico e o uso de feromônios. Nas plantas daninhas o sistema de manejo pode ser um grande aliado. O uso de braquiária, por exemplo, traz resultados importantes, como mostrou o pesquisador Sidnei Cavalieri, da Embrapa com base em experimentos realizados em sistema de produção de soja-milho-algodão. “Quando coloca espécies de cobertura no sistema temos economia de aplicações e aumento de produtividade”, demonstrou o pesquisador.

No caso das doenças, a pesquisadora Mônica Muller, da Fundação MT, lembrou que as boas práticas recomendadas na bula dos produtos, como doses e intervalos de aplicação são fundamentais para o sucesso da aplicação. Da mesma forma, a necessidade do uso de multissítios em mistura deve ser observada. “Os fungicidas devem ser usados preventivamente. Deve-se evitar aplicações em alta pressão de doença e de forma curativa”, acrescentou a pesquisadora.

João Ascari, da Fundação MT, lembrou ainda que o manejo de doenças não pode ser dependente apenas do controle químico. É preciso o uso de genética, com materiais resistentes e também o manejo cultural, com a rotação de culturas.

Rafael Galberi, do IMAmt, falou sobre o desenvolvimento de cultivares resistentes a nematoides e da necessidade de fazer o manejo correto, a rotação de culturas e de fontes de resistência para garantir a longevidade dos materiais.

Dentre os resultados de monitoramento em Mato Grosso, apresentados no evento, estão episódios de resistência total ou parcial em doenças da soja e do algodão, lagartas e plantas daninhas como capim-pé-de-galinha, capim-amargoso e buva.

Outros problemas

Durante o seminário também foram abordados outros problemas que merecem atenção do setor produtivo. Um deles é o combate e erradicação do Amaranthus palmeri, uma planta daninha invasora, resistente a herbicidas, cujo combate precisa ser feito com a capina associada a práticas como o uso de plantas de cobertura.

O risco da importação de máquinas usadas foi destacado, uma vez que acredita-se que essa foi a forma como o A. palmeri chegou a Mato Grosso.

Outro tema cujos resultados de pesquisa foram apresentados é o apodrecimento das vagens da soja. Ainda de causa desconhecida, o problema foi identificado na região médio-norte de Mato Grosso na safra 2019/2020 e vem causando perdas nas lavouras. Pesquisadores da Embrapa apresentaram dados de pesquisas com avaliação de cultivares e com diferentes programas de manejo de fungicidas. Embora ainda não se tenha o fator causal, as informações levantadas já contribuem com a tomada de decisão do produtor.

Seminário

O III Seminário sobre Manejo de Resistência foi promovido pela Fundação MT, IMAmt e Embrapa, com patrocínio da Agbitech e Sumitomo Chemical, e apoio da Bayer, Crop Life Brasil, Ihara e dos Comitês de ação à Resistência de Fungicidas (Frac), de Herbicidas (Hrac) e de Inseticidas (Irac).

Durante todo o Seminário, foi constante a fala sobre a responsabilidade compartilhada entre produtores, indústria, revendas, assistência técnica, pesquisa e governo para que o problema da resistência seja minimizado. Do evento saiu a proposição para a formação de um conselho anti-resistência com atuação em Mato Grosso desenvolvendo ações de monitoramento, pesquisa, treinamento e comunicação no estado. O tema será discutido posteriormente pelos representantes das instituições.

Fonte:Embrapa