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Novidades e contato direto com o produtor reanimam setor de máquinas

Focada em tecnologia e negócios, a Expodireto contribui de forma decisiva para o desenvolvimento do agronegócio como um todo.

Texto: Bruna Scheifler e Larissa Schäfer/Destaque Rural

O setor de máquinas é um dos principais propulsores da Expodireto Cotrijal, além de atrair e cativar os visitantes. Realizada entre 07 e 11 de março, em Não-Me-Toque – RS, a feira movimentou R$ 4,9 bilhões em negócios, conforme os números divulgados na sexta-feira (11). Mesmo com a estiagem e a inflação, o presidente da Cotrijal, Nei César Manica, afirma que também houve aumento no número de vendas. Ele, inclusive, chegou a se referir ao evento como a “Disney do Agro“.

Em sua primeira experiência na Expodireto, o vendedor Dilamar Borin, da SPA Máquinas de Passo Fundo, destaca o movimento acima do esperado e que as expectativas da empresa foram superadas. “É um sinal bem positivo de reanimar a economia. E a gente tem um monte de contatos salvos para trabalhar na sequência, então é super positivo”, destaca o vendedor.

Apesar de visitar a Expodireto apenas para passear e mostrar as máquinas para os filhos, o produtor Rui Soder, de Lagoa dos Três Cantos – RS, considera importante ficar por dentro das inovações. “É sempre interessante ver as novidades, as tecnologias que estão chegando no mercado. No agro, se tu não se manter atualizado hoje, é difícil sobreviver”, avalia.

O setor de máquinas costuma atrair famílias para a feira | Foto: Bruna Scheifler/Destaque Rural

Sustentabilidade

Uma das novidades apresentadas na feira foi “o primeiro trator do mundo movido a gás metano”. O T6 Methane Power foi lançado comercialmente no Brasil em fevereiro e está disponível via importação. Apesar do receio inicial dos produtores, o vendedor Dilamar relata que o equipamento apresentou desempenho até melhor em determinados pontos do que tratores similares nos testes.

O trator já está disponível para consumidores no Brasil | Foto: Bruna Scheifler/Destaque Rural

A tecnologia promete redução de até 80% das emissões em comparação com um motor diesel padrão. Mas além da sustentabilidade, o trator também oferece economia. Segundo a New Holland, a redução de custos pode ficar entre 25% e 40%. 

Além disso, o biogás utilizado no trator pode ser gerado dentro da própria propriedade, a partir dos dejetos dos animais, por exemplo. Na região, já há produtores com um biodigestor, conforme Dilamar.

Tecnologias nos implementos agrícolas

A Agricultura de Precisão faz toda a diferença na hora de tomar decisões que aumentam a produtividade no campo. Nesse contexto, já existem tecnologias embarcadas nos implementos agrícolas que geram dados de consumo de combustível, monitoramento da máquina, localização, otimização de máquinas, identificação de oportunidades e também geração de alertas no campo.

Diante disso, quem foi ao estande da John Deere, na Expodireto, pode visualizar  o seu Centro de Soluções Conectadas (CSC), sistema que monitora em tempo real colheitadeiras de clientes em operação no campo. “Dentro do CSC, nós temos pessoas capacitadas e também ferramentas disponíveis para elas; uma delas é o Operation Center, onde nós concentramos todas as informações da máquina e os dados agronômicos, para que essas pessoas possam fazer a gestão e também suportar os clientes”, informa o especialista de produto e mercado da John Deere, Gabriel Marra.

Pensando no lado agronômico, a tecnologia capta dados de “rendimento, produtividade, a taxa aplicada, qual foi a taxa alvo, a velocidade que o equipamento trabalhou, informação de consumo de combustível dentro do talhão, dados de altimetria e qual a data realizada da operação. Todas essas informações em uma única plataforma onde você consegue fazer a análise dos dados e também, o planejamento e a construção de uma configuração para enviar, inclusive de forma remota, para a máquina lá no campo”, informa.

“Conseguimos fazer uma comparação entre aplicações, entre operações. Nós conseguimos medir a diferença e entender se houve uma produtividade maior ao longo dos anos e também conseguimos compartilhar e exportar essas informações”, salienta o especialista.

Portanto, a tecnologia pode oferecer de modo remoto auxílio em eventuais manutenções, dúvidas e otimização das operações. “Hoje, são mais de 15 milhões de hectares conectados ao Operations Center no Brasil”, frisa Marra.

Maquinário

Em tratores acima de 100 cavalos de potência já pode ser instalado um módulo que tem a capacidade de enviar essas informações de forma remota. “Desde 2018, os nossos tratores já saem todos eles embarcados com essa tecnologia […]. E para os demais produtos, colheitadeiras e pulverizadores, já vem embarcado com essa tecnologia”, ressalta. 

A ferramenta armazena dados mesmo sem conexão com a rede internet (3G e Wi-Fi), mas quando conectado já disponibiliza as informações na plataforma. “O CSC tem acesso ao display da máquina para acompanhar e corrigir problemas de maneira remota; e caso o problema continue a ferramenta já faz um diagnóstico e o técnico já sai do concessionário pronto para resolver o problema. Reduzindo então mais de 50% no atendimento ao produtor”, finaliza Marra.