Apesar dos bons resultados, Brasil ainda precisa investir para que o cenário de importações e exportações seja mais atrativo para as empresas
Dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) na última quarta-feira (03/11) mostraram que a balança comercial brasileira atingiu novos resultados históricos no ano. O superávit acumulado de 2021 chegou a US$ 2 bilhões em outubro, com saldo positivo no acumulado do ano, em um total de US$ 58,578 bilhões, alta de 29,6%. Apesar disso, ainda existem muitos desafios para o comércio exterior brasileiro e, ao mesmo tempo, temos as condições necessárias para melhorarmos esses gargalos.
Segundo Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa de assessoria no comércio exterior, a padronização dos processos e a diminuição da burocracia devem ser prioridades para o avanço do setor. “Hoje vivemos em um mundo globalizado em que a integração do comércio internacional deve ser prioridade. Porém, o Brasil tem a capacidade de importar e exportar muito mais produtos, mas isso deve ser feito por intermédio de ações públicas como formas de desburocratizar o processo. Este ano, tivemos o OEA Integrado, um grande passo nessa direção, mas ainda precisamos buscar a simplificação dos impostos e a diminuição burocrática”, afirma o executivo.
Um dos principais problemas encontrados no Brasil ainda são relacionados a logística e problemas estruturais nas estradas. O Índice da Movimentação de Cargas do Brasil, realizado pela AT&M, o Brasil registrou, no primeiro quadrimestre de 2021, R$ 3 milhões em movimentação de cargas, um aumento de 38% em comparação ao ano anterior. Porém, a 23ª Pesquisa CNT de Rodovias mostra que 59% das estradas apresentam problemas, como o pavimento, sinalização e geometria.
“Outro ponto que devemos destacar são as tarifas cobradas pelo transporte aéreo e marítimo. Isso, somado às dificuldades estruturais aumentam o valor dos produtos nacionais, dificultando muito em relação a competitividade dos produtos brasileiros quando falamos de exportação. Precisamos simplificar as taxas além do setor público precisa pensar em isenções. Tudo isso poderá gerar mais competitividade para os produtos nacionais”, afirma Fábio.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), para o avanço do setor e a maior competitividade da indústria nacional, é necessária redução de entraves, como a complexidade das leis, greves, encargos, taxas e tarifas, além da diminuição do tempo para a liberação das mercadorias destinadas ao comércio exterior. Atualmente, o Brasil leva cerca de 13 dias para a exportação de produtos e tem um prazo ainda maior para a importação, cerca de 17 dias.
O executivo ainda completa, afirmando que a solução dos problemas encontrados no comércio exterior do Brasil podem transformar a realidade da importação e exportação no país, destacando que o potencial existe mas acaba sendo reprimido por dificuldades logísticas, estruturais e principalmente tributárias e administrativas.