Os preços dos grãos no mercado internacional tendem a seguirem firmes em 2022, na avaliação da SLC, uma das principais produtoras agrícolas do país. O CEO da companhia, Aurélio Pavinato, argumenta que o suporte às cotações virá de uma quebra nas expectativas de supersafra na América do Sul.
“A safra brasileira está sendo boa, mas é ano de La Niña e já estamos vendo notícias de seca no Sul. Na Argentina, tudo parece caminhar bem, mas eu não vejo o cenário atual como a supersafra que poderia provocar uma oferta maior e ajustes nos preços”, justificou Pavinato, lembrando que consultorias e órgãos estaduais começam a diminuir sua previsão de safra para Rio Grande do Sul e Paraná, que estão atrás apenas de Mato Grosso na produção de grãos.
Para o executivo, embora a tendência continue sendo de uma safra recorde de soja no Brasil, a pressão exercida pela entrada da safra sul-americana não será suficiente para reverter o quadro atual de aperto no balanço de oferta e demanda no mundo. “Se essa supersafra de soja ocorresse ao mesmo tempo no Brasil, nos EUA e na Argentina, aí seria possível vislumbrar preços abaixo dos US$ 12 por bushel”, afirmou. “Mas, como sempre há esses ingredientes climáticos, de perdas, os preços deverão se manter nos níveis atuais”.
Na última semana, com as preocupações com o clima no Sul do Brasil, soja e milho retomaram patamares que não se via há meses. O contrato futuro da oleaginosa está em US$ 13,4075 por bushel, maior valor em quatro meses, segundo cálculos do Valor Data. Já o milho está em US$ 6,0725 o bushel, cotação que não era registrada desde junho.
A SLC estima ainda ter um terço de sua previsão de colheita de soja, milho e algodão a vender. O que está em aberto é o quanto as áreas podem entregar de produtividade extra, mas, do que foi negociado, as margens são superiores às vistas obtidas em 2020/21, salienta Pavinato.
Com negócios fechados por margens consideradas adequadas para este ciclo, a empresa não vislumbra problemas de curto prazo nas 22 fazendas que tem em operação nesta safra 2021/22. A distribuição geográfica das propriedades — que estão localizadas em sete Estados do Centro-Norte do país (Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Piauí) — permitiu à SLC escapar dos problemas causados pelo La Niña, que costuma afetar o regime de chuvas no Sul. Neste ciclo, após a incorporação de terras da Agrícola Xingu e da Terra Santa, a área de plantio da companhia cresceu 44% plantada nesta temporada.
Os negócios foram fechados no começo deste ano; o da Terra Santa movimentou mais de R$ 750 milhões. Para 2022/23, a SLC já vem alertando seus investidores de que a safra deverá ser de margens mais apertadas em função da alta dos insumos, sobretudo fertilizantes.
A empresa afirma que vem fixando posições para compra dos nutrientes há um ano, obtendo um preço médio atrativo se comparado com os atuais, mas também já prevê investir menos na compra do insumo para a próxima temporada. “Acreditamos que haverá uma redução geral na demanda por fertilizantes. Nós, por exemplo, adubamos muito bem nos últimos anos, construímos uma reserva no solo e vamos utilizar um pouco disso, com doses mais ajustadas”, explica o CEO.
Ele acrescenta que as margens seguirão dentro das médias históricas, à exceção das safras 2020/21 e 2021/22, que são consideradas fora da curva.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.