Na próxima quinta-feira (23), os cooperados da Coagrisol e Cotrijal decidirão sobre o futuro das duas cooperativas. Em Assembleias Gerais Extraordinárias, as organizações irão pedir autorização para a incorporação da cooperativa de Soledade pela maior do Rio Grande do Sul. O negócio deve alavancar a Cotrijal para posições mais altas entre as maiores cooperativas do Brasil. O número de associados passará para 14 mil, enquanto o de municípios atendidos chegará a 50, com cem unidades e 2,5 mil colaboradores.
As duas cooperativas possuem desde agosto uma Aliança Estratégica de Intercooperação. “Nesses meses foi amadurecendo a ideia de somar esforços para atender melhor o produtor”, relata Nei César Manica, presidente da Cotrijal. Ele demonstra otimismo quanto à aprovação. As diretorias e conselhos já foram consultados, faltando agora a decisão dos cooperados. “Temos certeza e convicção de que vamos mostrar ao produtor a necessidade e oportunidade”, afirma.
O projeto de incorporação não é novo, segundo o presidente da Coagrisol, José Luiz Leite dos Santos. Há dez anos a cooperativa estuda possibilidades de união. “É um projeto que não saiu por acaso do papel. Nós temos estudos desde 2011 que já mostravam o caminho, já tinha um norte, que mostravam o que as cooperativas deveriam fazer. Infelizmente, esse movimento não vingou”, relata. A possibilidade começou a ser analisada novamente em 2015, quando novas análises mostraram a “necessidade” de união.
Entre as vantagens que devem ser apresentadas aos cooperados da Coagrisol, está o fortalecimento da cooperativa. Eles devem permanecer com o seu capital, direitos e créditos. “Vamos assumir o ativo e passivo, para equacionar a dificuldade”, explica Manica quanto a situação financeira da Coagrisol.
“As dívidas que a Coagrisol tem, a Cotrijal vai honrar também. Todos os créditos que os cooperados têm também serão todos preservados, todos honrados. Nesse sentido, não muda nada. O cooperado que tem produto depositado na Coagrisol, independente da quantidade, todo ele vai para a Cotrijal. Então não muda nada a forma de atuação. Todos os empregos, na medida do possível, também serão preservados porque as unidades vão continuar abertas”, garante Santos.
O ponto negativo, apontado pela Coagrisol, é a perda da marca e imagem, já que a cooperativa está no mercado há mais de 50 anos. “A gente não vai perder esses 52 anos, mas infelizmente não tem como ter as duas marcas. No decorrer dos próximos a marca Coagrisol será substituída pela marca Cotrijal”, explica Santos. A escolha pelo nome da Cotrijal está ligada ao reconhecimento internacional, especialmente pela Expodireto.
Trajetória
O processo até a incorporação é visto como um desafio pelo gestor da Coagrisol. “Unir duas cooperativas grandes, de destaque, não é fácil porque nós temos por trás das cooperativas, seres humanos, pessoas que muitas vezes são resistentes a mudanças, que não enxergam com bons olhos caminhar em conjunto”, aponta Santos. Apesar disso, ele acredita que os resultadas irão valer a pena.
“É o fortalecimento do sistema agropecuário cooperativo do Rio Grande do Sul”
José Luiz Leite dos Santos – Presidente da Coagrisol
Entre as vantagens e benefícios, ele aponta mudanças que já começaram com a intercooperação. A partir do próximo ano, os produtores de soja da Coagrisol poderão receber 20% a mais por saca de produto vendido, passando para R$ 1,20. Além disso, realizando as compras em conjunto, as cooperativas buscarão preços menores de produtos para varejo e grãos. Para o futuro, ainda é cogitada a possibilidade de investimentos em novos nichos, como indústria de esmagamento e de transformação em biodiesel. “É o fortalecimento do sistema agropecuário cooperativo do Rio Grande do Sul”, classifica Santos.