Desafios Climáticos

Clima, Bancos e a Agricultura no Brasil: Um Cenário de Desafios

O setor bancário brasileiro enfrenta desafios significativos devido aos eventos climáticos / Foto: Envato
O setor bancário brasileiro enfrenta desafios significativos devido aos eventos climáticos / Foto: Envato

O setor bancário brasileiro enfrenta desafios significativos devido aos eventos climáticos, que têm afetado o crescimento econômico, reduzido a concessão de crédito e aumentado as perdas com empréstimos. Apesar disso, bancos com maior exposição climática, como aqueles no Rio Grande do Sul, têm apresentado um desempenho mais resiliente do que inicialmente previsto.

A Fitch Ratings, por exemplo, removeu recentemente a avaliação negativa de algumas cooperativas de crédito e um banco regional que estavam sob observação devido à sua concentração de operações no Rio Grande do Sul, um estado que sofreu com enchentes e chuvas intensas. Embora o impacto inicial das catástrofes climáticas tenha gerado incertezas sobre a capacidade dessas instituições de operar e sobre sua saúde financeira, o cenário tem se mostrado menos alarmante do que se temia.

Além do Rio Grande do Sul, o Brasil tem enfrentado secas severas, principalmente no Nordeste e na Amazônia, que agravaram as perdas no agronegócio, e a falta de dados precisos e modelos para avaliar os riscos climáticos tem dificultado a gestão da situação. Contudo, os bancos mais afetados têm demonstrado resiliência, graças a ações rápidas, políticas de crédito conservadoras e, em menor escala, apoio governamental, além de renegociação de empréstimos e criação de linhas de crédito emergenciais. 

O agronegócio, um pilar da economia brasileira, tem sido duramente atingido pelas mudanças climáticas. As perdas nas colheitas, a dificuldade de escoamento da produção e o aumento dos custos de produção, devido à necessidade de adaptação às novas condições, tem gerado um efeito cascata que atinge desde pequenos produtores até grandes empresas do setor.

Isso, por sua vez, aumenta o risco de inadimplência e pressiona ainda mais o setor bancário, que financia grande parte da atividade agrícola no país. O principal risco para os bancos reside no impacto geral das mudanças climáticas sobre a economia, e não apenas em perdas por inadimplência em setores específicos.

De acordo com a Fitch Ratings, apesar de um crescimento econômico projetado de 2,8% para 2024, a inflação continua a ser uma preocupação, impulsionada pelos preços de alimentos e energia, e uma desaceleração econômica pode reduzir a demanda por crédito e a capacidade de pagamento dos devedores, afetando a lucratividade dos bancos.

Apesar de uma capitalização bancária acima dos níveis pré-pandemia, bancos menores e mais concentrados podem sofrer pressões significativas devido às mudanças climáticas, com pequenas e médias empresas (PMEs) e consumidores sendo os mais afetados.

O sistema financeiro brasileiro tem uma exposição de crédito de aproximadamente 5,8 trilhões de reais, dos quais 7% estão no Rio Grande do Sul, enquanto grandes bancos diversificados não foram tão impactados pelas inundações no estado, segundo a Fitch Ratings.

As mudanças climáticas representam um desafio para o setor bancário, com o Rio Grande do Sul sendo um dos focos de atenção, e apesar da resiliência demonstrada pelos bancos, a situação exige atenção e adaptação constantes, com o impacto na economia e nos devedores, especialmente os menores, sendo uma preocupação contínua.

As mudanças climáticas já estão impactando suas finanças? Como você acha que os bancos podem se adaptar a essa nova realidade?

Opinião

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