Economia

As fortes chuvas no Rio Grande do Sul afetam a semeadura do arroz

O grande volume de chuvas que atinge o estado do Rio Grande do Sul atrasa o plantio de arroz. Uma cultura que predominantemente precisa da água para seu desenvolvimento, antes de tudo precisa da janela de semeadura correta, e a chuva constante inviabiliza o plantio no tempo correto.

Por Larissa Vasconcelos.

As fortes chuvas que atingem o estado do Rio Grande do Sul causaram, e ainda causam, diversos danos à saúde, vida e economia gaúcha. Uma das áreas da agricultura que também sofre com a alta incidência de chuva é o arroz. Apesar de ser uma cultura que necessita de água em seu desenvolvimento, esta deve vir na época certa, que não é no momento de plantio.

Segundo levantamento divulgado pelo Irga, 71,98% da área de arroz já está semeada em todo o estado. Nesta safra a  expectativa de plantio do arroz, segundo o Irga  é de 902.924 hectares, um aumento 7,5% para este ano. 

No entanto, os produtores estão tendo dificuldades para finalizar o plantio, as chuvas recorrentes no mês de novembro deixam poucas janelas de semeadura aos agricultores.

A Diretora Técnica do Irga RS, Flávia Miyuki Tomita, explica que é preciso levar em consideração que, após vir de um período de baixa regularidade de chuvas, a expectativa do agricultor era de apenas semear o que fosse possível, sem necessariamente aumentar as áreas de arroz. As grandes variações entre as áreas semeadas pode ser explicada pela diferença da distribuição do volume de chuvas dentro do estado e pela ausência de uma janela de semeadura que permita o plantio. 

Foto de Isabeli Wolski Brendler

Para a agricultora e agrônoma Isabeli Wolski Brendler, da cidade de Cachoeira do Sul, o período ideal de semeadura é em outubro, para possibilitar o plantio de soja em novembro. Assim, o início da semeadura do arroz irrigado em sua propriedade iniciou em 30 de outubro, e até o momento somente 20% da área está semeada, resultando um atraso significativo para toda a sua safra.

A área de plantio foi fortemente atingida pelas enchentes oriundas do Rio Jacuí, e nos talhões com arroz semeado  a água ainda não baixou. Além disso, as chuvas regulares impediram a possibilidade de entrada de máquinas agrícolas para realizar o plantio, devido ao solo muito encharcado.

Foto de Monaliza Dias

A alta umidade da lavoura é um problema até mesmo para quem cultiva arroz longe do Rio Jacuí. Na localidade de Barro-Vermelho, também em Cachoeira do Sul, outra agricultora que espera um melhor momento para semear a área de arroz é Monaliza Dias, ela estima que ainda faltam 70 hectares a serem cultivadas. A expectativa agora é de plantar até o dia 15 de dezembro no máximo e substituir a plantadeira pela semeadora, seguido pelo processo de incorporação do arroz ao solo com a grade agrícola. O motivo da mudança da plantadeira pela semeadora seria para evitar que a maquina atole na lavoura com, devido ao solo muito encharcado.

Já a esperança para Isabeli é terminar de semear a área de arroz em dezembro e seguir com a semeadura da soja em  dezembro e janeiro. Isabeli destaca que o importante agora “é conseguir plantar as áreas, ter uma renda nessa safra e realizar uma lavoura com baixo custo.”

A diretora técnica do Irga explica também que a produtividade do arroz começa a cair conforme o atraso da semeadura, podendo afirmar que a produtividade máxima é alcançada em semeadura até o dia 15 de novembro. Além disso, as máximas produtivas no arroz foram alcançadas em anos de La Niña, quando, geralmente, a semeadura já alcançou 50% em meados de outubro.

Video de Isabeli Wolski Brendler