Desafios da Soja

Syngenta e Aprosoja discordam sobre liberação emergencial de defensivos

A empresa Syngenta, detentora do registro do produto Diquat, divulgou nota nesta semana em que se posiciona de forma contrária à “importação de produtos sem regulamentação”. Na quarta-feira (19), a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) solicitou ao Ministério da Agricultura a liberação emergencial dos herbicidas Diquat e Paraquat para a dessecação das lavouras de soja. O Paraquat está banido no país desde setembro de 2020.

A empresa considera que a importação de produtos sem regulamentação coloca em risco produtores e consumidores, meio ambiente e as exportações brasileiras. Ainda afirma que está buscando resolver a dificuldade “pontual” de abastecimento.

Em relação à falta do Diquat no mercado, a Syngenta diz que está buscando aumentar os volumes do produto a ser disponibilizado ao mercado brasileiro. “Para tanto, buscamos alternativas adicionais de fornecimento de todas as fontes possíveis no mundo, incluindo novas opções na China”. A empresa garante que os pedidos serão entregues nos próximos meses, sem renegociação de preços.

Aprosoja

Em resposta à empresa, a Aprosoja alega que a liberação emergencial de defensivos tem um precedente histórico, citando autorização de 2015 do governo federal do benzoato de emamectina, produzido pela Syngenta.

“Naquela oportunidade, a detentora não foi contrária à liberação do benzoato, sendo a única a depositar o pedido”, argumenta a Aprosoja.

A entidade alega que diversas empresas têm o registro do Diquat no Brasil e que o Paraquat não é novidade nos países do Mercosul. Ainda, o comunicado acusa a empresa de estar preocupada com a concorrência de outros fabricantes.

“A liberação emergencial do Diquat teria bem estabelecidas a sua forma de entrada, aplicação e segurança no uso (como se trata de produto genérico, todas essas etapas já foram concluídas), bem como a destinação final de embalagens”, afirma a nota.

A entidade aponta a liberação do Paraquat nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e os países do Mercosul para defender a importação e afirma que a a falta do Diquat pode trazer prejuízos à qualidade da produção brasileira. “Outro impacto é sentido no bolso do produtor. O litro, que antes era comprado por R$ 30,00, está custando mais de R$ 160,00. No início desta safra, o aumento no preço do produto era de 300% e hoje alcança 500%, conforme constatam produtores”, relata a Aprosoja.

“A alegação de falta de produto não condiz com a realidade. Na verdade, não existe a falta do produto. O que existe é que empresas estão restringindo produtos que foram comprados por R$ 30,00 para poder vendê-los por um preço bem maior”.

A Syngenta, na nota, afirma que é altamente favorável a um “ambiente de concorrência livre que permita que outras empresas registrem e comercializem produtos à base de Diquat no Brasil”.