Desafios da Soja

Produção de soja no Paraná deve cair 35% em relação à safra 2020/21

O Paraná estima colher 12,8 milhões de toneladas de soja nesta safra, com uma quebra de 39% em relação ao projetado inicialmente. Com isso, em comparação com a safra 2020/21, é esperada uma redução de 35% na produção do estado. No último ano, o estado alcançou 19,8 milhões de toneladas do grão. Na atual safra, o rendimento deve cair de 3.543 quilos por hectare no ciclo anterior para 2.274 quilos. A causa é a estiagem que assola o estado desde 2019.

Os dados fazem parte da primeira Safra Subjetiva (PSS) deste ano, apresentada nesta quinta-feira (27) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná. O percentual de perdas nas culturas de verão, no entanto, não sofreu grande alteração em relação ao divulgado em meados de janeiro.

No campo, a colheita de soja vem ganhando bom ritmo e atingiu 8% da área plantada. “Historicamente, não é comum este nível de colheita em janeiro, porém, devido às condições favoráveis no campo, o produtor avança com o trabalho tendo em vista o planejamento de plantio para a segunda safra de milho”, disse o analista do Deral, Edmar Gervásio.

Com uma área estimada em 5,6 milhões de hectares, a soja corresponde a mais de 90% da área plantada de grãos no Paraná. “Qualquer redução de produção impacta diretamente na economia local e regional, pois o Paraná é um Estado bastante ligado ao agronegócio”, lembra o chefe do Departamento de Economia Rural, Salatiel Turra.

Milho

A produção de milho deve apresentar redução de 13% em relação à safra 2020/21. Em relação ao potencial produtivo de 4,3 milhões de toneladas, a baixa projetada é 36%. Com isso, o campo deve render, de acordo com os dados atuais, 2,7 milhões de toneladas.

“Em termos financeiros, a preços de hoje, o campo deixa de movimentar aproximadamente R$ 2,3 bilhões com esse cereal”, afirmou Gervásio. Neste momento, a colheita do cereal chegou a 8% da área estimada de 437,5 mil hectares. Nas lavouras espalhadas pelo Estado, 38% da área estão em boas condições, o mesmo percentual é considerado em situação mediana e 24% estão em posição desfavorável.

A estiagem refletiu também na produtividade do milho. A previsão é que na atual safra sejam colhidos 6.232 quilos por hectare. No ciclo de 2020/21, foram 8.372 quilos por hectare. Como a colheita da soja avança de forma mais acelerada que o habitual, o plantio de milho segunda safra também está adiantado. Nesta semana foram plantados 5% da área total estimada em 2,6 milhões de hectares, com expectativa de se colher 15,2 milhões de toneladas.

Feijão

Os produtores de feijão da primeira safra paranaense tinham a esperança de colher 275.795 toneladas, um pouco superior ao que foi colhido em 2020/21 (257 mil toneladas), mas ainda inferior a 2019/20 (316,2 mil toneladas). No entanto, a cultura foi severamente atingida pelas adversidades climáticas e deve ficar em 190,4 mil toneladas. O volume é 31% menor que o potencial e 26% abaixo do produzido no ciclo anterior. nquanto na safra 2020/21 o rendimento foi de 1.697 quilos por hectare, agora é de 1.350 quilos.

Os produtores já colheram pelo menos 83% da área de 139,5 mil hectares. “O clima até o momento é favorável à colheita, o que de certa forma contribui na obtenção de um produto de boa qualidade”, disse o economista do Deral Methodio Groxko. Em função da menor oferta neste início de ano, os preços ao produtor aumentaram. Nos últimos 20 dias, eles saíram de R$ 240 a saca de 60 quilos e passaram à faixa de R$ 280 a R$ 300.

Para a segunda safra do feijão, a expectativa é de colheita de 519.567 toneladas em 263.344 hectares. Apesar de redução de 3,3% na área, os produtores esperam colher até 82% a mais em relação à safra 2020/21, quando retiraram 286 mil toneladas da terra. “Em 2021, a segunda safra sofreu uma significativa redução, devido às condições climáticas desfavoráveis, como a seca e, na sequência, as geadas”, lembrou Groxko.

Prejuízos

As perdas monetárias para os produtores paranaenses devem se posicionar entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões. “Nós perdemos muita produção com essa estiagem prolongada, essa escassez hídrica, essas altas temperaturas no ambiente, no solo, provocaram perdas de elevada monta em culturas como soja, milho, feijão, tabaco, produção de silagem para alimentação de gado de leite, produção de hortaliças, de frutas, pastagens, enfim, toda forma de vegetação sofreu e sofre”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

O governo estadual ainda esclarece que os prejuízos causados por esses produtos dependem de várias conjunturas, inclusive oscilações decorrentes de produção internacional.

Boletim Semanal

A comercialização do trigo chegou a 88% das 3,2 milhões de toneladas colhidas no Estado. O volume é superior ao registro na safra anterior para este mesmo período. Um dos elementos que contribui para esse rápido escoamento é a boa qualidade do produto, conforme o Boletim de Conjuntura Agropecuária, referente à semana de 21 a 27 de janeiro.

Na cafeicultura, estimativa de produção é de apenas 567 mil sacas de café na safra 2022. A redução é de 35,6% em comparação com as 880 mil sacas de 2021. As intempéries climáticas, principalmente as fortes geadas, levaram muitos cafeicultores a erradicar ou podar as lavouras. Essa condição e a prolongada estiagem impactaram severamente no potencial produtivo do café.

Com informações da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná