Desafios da Soja

Paraná estima quebra de 37,8% na safra de soja

Há cerca de dois anos o Paraná vive uma crise hídrica que afeta a agropecuária do estado. Nesta safra, a expectativa de recuperação foi substituída por nova frustração. Apenas para a soja, a estimativa é de quebra de 37,8% na produção, conforme o último levantamento emergencial realizado pelo Departamento de Economia Rural (Deral). O impacto na economia do estado é de mais de R$16.8 bilhões.

“Tínhamos a expectativa de recuperar esse prejuízo através de uma safra 21/22 cheia. Ela começou a ser instalada de forma adequada, foi bem instalada com boas condições, mas lamentavelmente o quadro de La Nina […], combinado com elevadíssimas temperaturas de ambiente e de solo, fez a gente perder grande parte do esforço de produção”, relatou o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, em vídeo gravado no final do último ano e divulgado pela Secretaria.

A safra de soja estava estimada em mais de 21 milhões de toneladas. A redução já chega a 8 milhões, com a projeção caindo para um total 13 milhões de toneladas. Conforme o secretário, o prejuízo é superior a R$14,3 bilhões.

Demais culturas

Os estragos da estiagem se espalham pelas demais culturas e setores do estado. No milho, as perdas já chegam a 42%, com redução de 1,7 milhões de toneladas. O prejuízo é de cerca de R$1,5 bilhão. Em relação à silagem, quase 2,4 milhões de toneladas não foram colhidas, afetando o sistema de alimentação de gado de leite.

Nesse setor, já há redução consistente de produção em regiões do estado. A queda está estimada em mais de 200 milhões de litros.

No feijão primeira safra, as perdas chegam a 18%. A estiagem afeta também a batata, o tabaco (atingido também pelo granizo), a laranja, as hortaliças e pastagens.

Situação de emergência

O estado decretou situação de emergência econômica, permitindo renegociações, conforme o secretário. Além disso, mais de 144 municípios já decretaram ou estão em vias de decretar situação de emergência. Os principais problemas são dificuldades de abastecimento de água para animais, humanos e produção.

No vídeo, o secretário reconhece não haver um conjunto de medidas efetivas, mas que a situação está sendo avaliada. A prioridade é restabelecer o abastecimento de água. Além disso, conforme Ortigara. estão sendo construídas políticas para uso racional da água na irrigação como forma de prevenir prejuízos dessa natureza. “É uma perda muito relevante para nossa economia, certamente essa renda fará falta, mas nós temos pelas condições de nas próximas safras quem sabe recuperar esses prejuízos”, afirmou o secretário.