A ferrugem asiática, doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, ataca a cultura da soja e pode provocar perdas de produtividade que chegam a 90%, quando não controlada, de acordo com a Embrapa.
Em algumas regiões do Paraná, as condições climáticas adversas, como temperaturas de até 3º C abaixo da média para o período e altos níveis de precipitação no início do ciclo da oleaginosa, atrasaram a operação de semeadura, comprometendo a janela adequada para o plantio e expondo as lavouras a uma susceptibilidade maior ao patógeno no estádio reprodutivo.
“Há pelos quatro safras não tínhamos essa favorabilidade e severidade que a gente está vendo. Principalmente nas regiões mais altas, a ferrugem está bastante severa”, afirmou o gerente técnico e de pesquisa da G12 Agro, Carlos André Schipanski.
Para controlar o cenário da alta infestação, a redução do intervalo de aplicação de fungicidas usados no tratamento curativo, foi a opção adotada por produtores que tiveram suas áreas afetadas. Em dezembro o intervalo de aplicação era de cerca de 20 dias, enquanto que no mês de março, as aplicações não ultrapassaram os 10 dias, conforme explicou Leandro Bren, diretor técnico-científico da Agro10 Assessoria Agropecuária. “As últimas lavouras que foram plantadas são as que estão sofrendo mais, porque temos soja verde e essas áreas estão com todo o inóculo da doença”, complementou.
Os profissionais avaliam que, com o cenário favorável para a doença, foram necessárias de uma a duas aplicações extras, impactando em um incremento de custos de produção. Para o próximo ano, as orientações técnicas são de que os produtores adotem sementes com tecnologia de tolerância para ferrugem e realizem um monitoramento eficiente em suas áreas, visando uma tomada de decisão cada vez mais assertiva.
Consórcio Antiferrugem
Dados da plataforma de monitoramento do Consórcio Antiferrugem, apontam que o estado conta com 83 registros da doença, sendo os munícipios de Guarapuava e Pitanga os líderes do ranking de ocorrência. Até o momento, foram registrados 295 casos do fungo na safra 22/23, no Brasil.
A doença
Esta é uma patologia fúngica que afeta as folhas das plantas de soja, causando manchas amarelas na face superior e pústulas na face inferior. Os danos provocados pelas lesões, reduzem a área fotossinteticamente ativa das folhas e prejudicam a produção de fotoassimilados utilizados no desenvolvimento da cultura, impactando negativamente na produtividade das plantas. A doença se alastra facilmente em condições favoráveis de alta temperatura e umidade.
As principais estratégias para redução da doença são o vazio sanitário e a eliminação de plantas voluntárias na entressafra, minimizando assim, a fonte de inóculo do fungo. Além disso, a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início do período recomendado são ações fundamentais para reduzir as chances de ocorrência.