Safra 2024/2025

Apesar de queda na área plantada de trigo no Sul, produtividade deve aumentar

Mercado estima redução de 20% na área plantada no Rio Grande do Sul

Foto de lavoura de trigo.
A tendência geral é de redução na área plantada em todos os estados do sul | Foto: Jaelson Lucas / AEN

A produção de trigo na região Sul do Brasil está passando por transformações significativas, conforme explicou Elcio Bento, consultor de mercado da Safras & Mercado. A tendência geral é de redução na área plantada em todos os estados do sul, com a maior queda prevista para o Rio Grande do Sul, seguido pelo Paraná e Santa Catarina.

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, a situação é ainda mais complicada. Bento estima uma redução de 20% na área plantada, principalmente devido à baixa disponibilidade de sementes, uma consequência das condições climáticas adversas e chuvas excessivas. Ele explica: “Mesmo com o produtor que está um pouco mais animado, poderia plantar mais, porque os preços recuperaram bem em relação ao último mês, por exemplo, deu uma alta de quase 15%.”

Os números oficiais de intenção de plantio no estado foram divulgados na sexta-feira (28) pela Emater/RS-Ascar, com a previsão de 1,8 milhão de hectares.

Santa Catarina

Santa Catarina deverá ter a menor redução proporcional em termos de área plantada em comparação ao ano passado. Bento explica: “Tem uma indústria moageira que consome bastante, tem uma possibilidade climática, a safra já está conseguindo se plantar.” No entanto, ele ressalta que “a baixa disponibilidade de semente” foi um fator determinante na redução da área plantada.

Paraná

No Paraná, a redução estimada é de quase 19%. Bento aponta que “perdeu área para o milho” e que “a incerteza do trigo, especialmente o que aconteceu nos Campos Gerais no ano passado, desestimulou um pouquinho os preços no momento do plantio.” Ele também menciona que “as condições climáticas lá não são boas no norte, onde teve muita seca.”

Desafios e Perspectivas

Os principais desafios enfrentados pelos produtores incluem a recuperação de solos degradados pelas chuvas e o atraso no plantio. Bento destaca: “A janela de plantio não fugiu, mas atrasou, quanto mais se atrasa, mais próximo fica o cultivo da soja.” Ele também aponta a desmotivação dos produtores: “O produtor está descapitalizado… menos capitalizado, nessa situação normalmente o produtor planta e usa menos menos tecnologia.”

Apesar das dificuldades, há uma expectativa de melhora. Bento acredita que, mesmo com uma redução na área plantada, “a produtividade, algo que se espera, mesmo que a gente tenha menor disponibilidade de sementes… a estimativa é de que a produtividade seja bem melhor do que a do ano passado.” Ele prevê que “a transição de El Nino para La Nina traga uma condição climática mais estável e mais positiva para a produção no Rio Grande do Sul.”

A tecnologia continua sendo uma aliada crucial, permitindo a produção de trigo de alta qualidade. Bento conclui: “Certamente sem o avanço tecnológico que a gente teve, seria impossível ter produção de trigo no Brasil hoje.”

Em resumo, apesar da redução na área plantada, há uma expectativa de uma produção melhor em termos de produtividade e qualidade em comparação ao ano passado, refletindo as adaptações e a resiliência dos produtores da região Sul do Brasil.