Safra 2024

Conab ajusta estimativa da produção de trigo no Brasil para 8,9 milhões de toneladas

A chuva no Sul do país e o calor em diversos estados trazem preocupação para a safra

Foto de espigas de trigo em lavoura.
A área plantada caiu 11,6% em relação ao ano passado | Foto: Wenderson Araujo/CNA

A estimativa de produção de trigo no Brasil na safra 2024 foi ajustada de 9 milhões de toneladas, previstas em junho, para 8,9 milhões em julho, redução de 1,2%. Os dados constam no 10º Levantamento de Grãos, divulgado hoje (11), pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A semeadura já está na fase final, com redução de 11,6% na área plantada, passando de 3,4 milhões de hectares na safra passada para 3 milhões de hectares em 2024. A estimativa de área também registrou uma pequena redução do mês anterior para julho, confirmando as expectativas de uma área menor em decorrência da frustração da safra passada, da escassez de sementes e das condições de mercado.

A produtividade deve se recuperar, saindo de 2,3 mil kg/ha em 2023 para 2,9 mil kg/ha nesta safra. Essa recuperação impulsiona o incremento na produção de 8 milhões de toneladas para as 8,9 milhões, aumento de 10,6% em relação à última safra.

A semeadura chega a 81,9% da área estimada, com certo atraso no Sul do país em decorrência das chuvas. A maioria das lavouras está em desenvolvimento vegetativo e 3,1% das áreas já foram colhidas, principalmente em Goiás.

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, maior produtor de trigo do país, a área caiu de 1,5 milhão de hectares para 1,3 milhão de hectares. Além da frustração da safra passada, a Conab também destaca outros fatores para a redução de área, entre eles a escassez de sementes, o risco climático, a falta de um seguro agrícola adequado e a rentabilidade da cultura, considerada baixa.

Apesar do atraso em decorrência das chuvas, o clima permitiu a semeadura do trigo ao longo do mês de junho no Rio Grande do Sul. Porém, a continuidade das chuvas não foi favorável para a realização do preparo das áreas e para o bom estabelecimento inicial das lavouras.

“Há perdas de solo, sementes e fertilizantes por erosão, falhas no estande de plantas pela não germinação das sementes, ataques pontuais de pragas e plantas amareladas pela falta de radiação solar e lixiviação dos nutrientes. De toda forma, as perdas são consideradas pontuais ou passíveis de controle e/ou compensação, caso as condições meteorológicas melhorem”, avalia a Conab.

Paraná

No Oeste e Norte do Paraná o problema é a falta de chuva e o calor para as lavouras que foram plantadas mais cedo. “Esta situação prejudicou a emergência e desenvolvimento das plântulas, afetando assim a regularidade dos plantios, estandes e até mesmo a decisão de plantio”, informa a Conab. No estado, a maior parte das lavouras estão em floração e a 67% ainda estão em boas condições, porém 24% estão em condições médias e 9% ruins.

Santa Catarina

Em Santa Catarina, a semeadura começou a se intensificar no Planalto Norte, enquanto no Planalto Sul o plantio deve ocorrer ao longo de julho. “As lavouras semeadas desenvolvem-se normalmente, apresentando bom estande de plantas e fitossanidade. As lavouras implantadas mais precocemente iniciaram a fase de perfilhamento e recebem tratos culturais, incluindo o controle de plantas invasoras e a adubação nitrogenada em cobertura”, informa o levantamento.

São Paulo

Em São Paulo, as altas temperaturas também são um problema, já que o trigo não se adapta a essas condições.

Minas Gerais

O calor está favorecendo a brusone em Minas Gerais, principalmente em lavouras mais precoces, reduzindo drasticamente o potencial dessas áreas. A colheita já iniciou em áreas de sequeiro, com casos severos de brusone e redução da produtividade.

“As temperaturas acima da média para o período prejudicaram o desenvolvimento, principalmente nas lavouras de sequeiro, uma vez que além do estande reduzido, tivemos também perfilhamento do trigo bem abaixo da normalidade, em parte significativa das lavouras. Outro fator baixista é o pequeno tamanho das espigas nas lavouras mais tardias”, informa o Conab.

Mesmo as lavouras que não foram afetadas pela brusone apresentam produtividade menor. Com isso, a produtividade média do trigo sequeiro do estado foi corrigida para baixo. A área também foi reduzida com as adversidades climáticas. Já as áreas irrigadas apresentam bom desenvolvimento e seguem com uma produção praticamente constante.

Distrito Federal

As lavouras estão em estádios de maturação no Distrito Federal, onde a área total aumentou nesta safra, principalmente na modalidade sequeiro.

Goiás

A semeadura do trigo irrigado está encerrada em Goiás, com alguns problemas pontuais com a brusone e a temperatura elevada, porém, de forma geral, as lavouras seguem com bom desenvolvimento.

Mais da metade das áreas de sequeiro do estado estão colhidas, com rendimentos variáveis. “Os fatores que influenciaram negativamente a cultura de sequeiro foram o excesso de chuvas na fase inicial, que causaram aparecimento de doenças fúngicas, estresse hídrico na fase de enchimento de grãos e as temperaturas altas no período noturno”, pontua a Conab.

Mato Grosso do Sul

A falta de chuvas e o calor também afetam as lavouras do Mato Grosso do Sul. De acordo com a Conab, grande parte das lavouras se encontram com plantas mal desenvolvidas e algumas já estão abandonadas devido à inviabilidade financeira de colheita.

Bahia

Com toda a área irrigada, as lavouras apresentam ótima qualidade, beneficiada pela alta luminosidade e pela ocorrência de noites frias. Com isso, a produção foi mantida em relação ao levantamento passado, porém reduzida em relação à safra passada devido à redução de área.