Safra 2024

Semeadura do trigo avança para reta final após atraso por chuvas no Rio Grande do Sul

A área plantada no estado avançou com o tempo seco e chegou a 94% do total estimado para esta safra

O clima não tem sido um grande aliado dos produtores rurais do Rio Grande do Sul. No começo desta safra de trigo, o excesso de chuvas impactou os solos e também atrasou a semeadura da cultura. Os maiores avanços ocorreram nas últimas semanas, com a redução das chuvas, fazendo com que a semeadura alcançasse 94% da área estimada para a safra nesta semana, conforme o Informativo Conjultural da Emater/RS-Ascar desta quinta-feira (25).

“Tivemos o final do mês de abril e todo o mês de maio muito chuvoso, inclusive com todas as catástrofes ocorridas em outras partes do estado. Esse excesso de chuvas prejudicou a semeadura do trigo, atrapalhando o início da entrada nas lavouras e a implantação da cultura”, explica o Gerente Regional da Emater/RS-Ascar na região de Passo Fundo, Dartanhã Vecchi.

Na região, até a última semana, o plantio do trigo chegava a apenas 55% das áreas. Agora, com tempo seco, produtores aproveitaram para avançar com o processo para concluir a semeadura dentro do período indicado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Com isso, o plantio deve chegar a cerca de 80% na região de Passo Fundo.

“A condição de umidade do solo está boa e agora a gente conseguiu controlar bem as plantas daninhas. Esses dias de sol colaboraram muito para o plantio e acredito que agora vamos conseguir finalizar dentro da janela esperada. Não tão cedo como a gente queria, pensando na safra de verão”, considera Renan Fracasso, produtor rural de Caseiros-RS.

Custos

O atraso e as chuvas contribuíram também para o aumento dos custos de produção na safra de trigo. O solo das áreas agrícolas do Rio Grande do Sul foi bastante prejudicado pela intensidade e recorrência das chuvas. “É uma safra mais cara, até mesmo porque a gente já teve que reaplicar herbicida e vamos ter que fazer um trabalho mais minucioso de correção de solo porque teve lixiviação, assoreamento e erosão. Então tudo isso impacta diretamente no custo”, relata Fracasso.

Além dos problemas no solo, produtores enfrentaram neste ano a indisponibilidade de sementes. Devido às chuvas na safra passada, a produção de sementes foi prejudicada, o que diminuiu a oferta para este ano. “Não deu qualidade na nossa semente, a minha safra de trigo foi toda para ração, então a gente teve que adquirir todas as sementes. Semente de boa qualidade, porém com custo alto”, explica o produtor de Caseiros.

Expectativa

Os prejuízos da safra passada, a indisponibilidade de sementes e os preços do trigo, que estavam em patamares baixos até a entressafra, estão entre os fatores que levaram a uma redução de 7,11% na área de trigo no Rio Grande do Sul, totalizando 1,3 milhão de hectares.

Em Caseiros, a área de trigo de 2023 foi mantida, totalizando entre 1 mil e 1,2 mil hectares | Foto: Leonardo Wink/Destaque Rural

Ainda assim, no município de Caseiros, os produtores optaram por manter a mesma área de trigo do ano passado, entre 1 mil e 1,2 mil hectares plantados. “O trigo é importante na questão de rotação de culturas e ele ajuda muito na manutenção da fertilidade das terras”, avalia Rafael Zotti, extensionista rural da Emater-RS/Ascar.

Alguns produtores até aumentaram a aposta, aumentando a área de trigo. “A gente resolveu plantar por questões climáticas favoráveis, a expectativa é sempre de uma safra boa, apesar de virmos de uma safra frustrada”, pondera Renan Fracasso.

Apesar do excesso de chuvas ter atrapalhado o plantio, ainda não é possível determinar se ele pode causar impactos na produtividade do trigo. “Como a cultura está em fase inicial de plantio, de germinação e de desenvolvimento vegetativo, é muito cedo para estimar algum dano ou prejuízos, mas as expectativas para essa safra de 2024 são muito positivas”, afirma Vecchi, da Emater/RS-Ascar.

O principal fator de otimismo é a previsão de que o fenômeno La Niña poderia reduzir as chuvas na reta final da safra e no momento da colheita. Essa previsão, entretanto, pode não se confirmar com o atraso do estabelecimento do fenômeno. Ainda assim, a esperança é de que o clima seja mais generoso com os produtores de trigo do Rio Grande do Sul do que no ano passado, permitindo recuperação da produtividade e da produção estadual.

“Eu acredito que não tem produtor que pense negativo, até porque senão a gente já estaria fora do mercado e já teria desistido. Então vamos ter a esperança e a expectativa de que essa safra vai ser uma safra excelente para todas as culturas e para todos os produtores do nosso estado e do país”, ressalta o produtor Renan Fracasso.